quinta-feira, 30 de julho de 2009

Inspirando

Como já foi falado neste blog, para mim o grande barato de se fazer qualquer tipo de arte é notar a reação do espectador.

E eu estar aqui escrevendo agora é uma dessas reações.

Acabo de assistir o DVD Immagine In Cornice, que mostra a passagem da banda americana Pearl Jam pela Itália para cinco shows feitos nas cidades de Bolonha, Verona, Milão, Torino e Pistoia em 2006.

Mesclando cenas de bastidores, a banda passeando pelas cidades, passagem de som e etc, com um apanhado do que melhor rolou nos cinco shows, este DVD impressiona.

Impressiona ver uma banda de quase vinte anos ainda soar tão pesada e contundente. Os fãs devotos. O esforço do vocalista para aprender algumas frases em italiano para se comunicar da melhor forma com seu público. A fotografa cuidadosa e de bom gosto...

Ok. Todo mundo sabe que eu sou fã do Pearl Jam.
Mas é inegável a qualidade deste DVD e, por consequência, da banda.

O que mais me emociona vendo o Pearl Jam tocar é o contato com o seu público.
Com a maioria dos integrantes da banda já beirando os quarenta anos de idade, dá gosto ver a entrega de cada um no palco. Sem medo de fazer barulho, McReady e Gossard continuam vigorosos nas guitarras, Matt Cameron não deixa dúvida que é "O" baterista do Pearl Jam (impossível sentir saudade de algum de seus antecessores), Jeff Ament ainda pula feito moleque e Eddie Vedder não economiza o berreiro quando necessário e está cada vez melhor.

Uma vez li em algum lugar que o Pearl Jam passa uma imagem de banda dinossáurica, dessas que tocam há mais de trinta anos, não fazem tantos shows como no início, mas tocam com competência e se divertem com isso.
Acho muito legal essa comparação. Porque quando assisto um DVD como esse, sinto isso mesmo. Caras que gostam de tocar, viajar...já ganharam a grana que tinham que ganhar e agora tocam sem grandes pretensões senão se divertir, entreter e sempre cuidar de seu público, mostrando que são realmente gratos a ele.

Eu não conheço nenhum artista que faz o esforço que Eddie Vedder faz para se comunicar com seu público.
Quando o vi em 2005 falando frases e mais frases em português naquela mágica noite de dezembro no Pacaembu, fiquei realmente honrado em ver que o cara aprendeu a falar a minha língua...
Neste DVD podemos ver Eddie Vedder com uma intérprete treinando suas frases dizendo em inglês o que quer dizer ao público e ela ensina a frase em italiano para ele...ele anota e fica treinando a pronúncia.
É muito bacana mesmo!

E pensar que a maioria se limita a aprender o "obrigado".

Mas sem dúvida, o principal aqui é a música.
E vendo o Pearl Jam tocando com toda aquela paixão, eu sinto vontade de ligar para meus amigos de banda e chamá-los para tocar. Sinto vontade de compor canções tão fortes e poder tocá-las para um público tão apaixonado.
E principalmente me sinto inspirado. Fico orgulhoso de tocar numa banda de rock n' roll, de fazer isso com a mesma paixão que eles.
Me sinto forte o suficiente para não abandonar jamais essa que a coisa que mais amo no mundo.

Portanto, fica a dica.
DVD Immagine In Cornice (Pearl Jam live In Italy)

Não só para fãs da banda, mas para amantes de música de verdade.


Passarinho, que som é esse?


Into The Wild - Eddie Vedder


Aproveitando o assunto do post de hoje, venho falar-lhes também deste disco belíssimo do vocalista do Pearl Jam em projeto solo.

Into The Wild é um filme escrito e dirigido pelo Sean Penn. Eddie Vedder foi convidado a escrever a trilha sonora do filme e, pelo que consta, teve carta branca de Penn para fazer o que quisesse.

O resultado foi um disco sublime independente do filme.
Para quem não conhece bem o Pearl Jam, vai estranhar muito, pois as canções são todas essencialmente folk. Músicas serenas e introspectivas.
Quem já conhece bem o PJ sabe que o folk é parte do DNA da banda, haja visto que eles já substituíram a banda Crazy Horse em uma turnê, acompanhando o monstro-sagrado Neil Young, tido como "pai da matéria" em se tratando de folk.

Voltando ao disco.
Eddie Vedder caprichou nos timbres de violão e nos arranjos.
No Ceiling e Rise são belíssimas, contando com banjo e tudo.
Ecos do Pearl Jam e das referências rockers de Vedder como The Who e o próprio Neil Young aparecem nas ótimas Setting Forth e Far Behind.
Mas o grande destaque fica por conta das canções mais introspectivas, em tom de desabafo.
Society (minha favorita do disco) é de doer de tão bonita. Apenas na voz e violão, Eddie Vedder deixa transparecer uma certa angústia...
End Of The Road é puro Neil Young. Uma balada doce com guitarra dedilhada e bateria suave. Perfeita!
Guaranteed é linda, contando apenas com um violão dedilhado e uma melodia acolhedora.

Nas letras, Eddie Vedder continua questionador e apaixonado. Neste disco as letras parecem ainda mais pessoais do que nas músicas que escreve ao lado de sua banda. Confessional mesmo.

Sendo este o primeiro trabalho que Eddie Vedder faz sozinho, o saldo é extremamente positivo.

Into The Wild mostra que Eddie Vedder é um compositor maduro e talentoso e um músico competente e de muito bom gosto.

Enfim.
Vai correndo assistir o filme e ouvir o disco.


Este disco é para quem gosta de:
Fumar maconha na estrada, roda de violão, Neil Young, ser do contra, barba por fazer e cabelo ensebado, Elliot Smith, filmes cult.


Aperta o play, Macaco!- Sua Fama Faz Minha Inveja - Rafael Castro & Os Monumentais

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Luto!

Depois de muito ensaiar, publico este texto.
Texto que teve tantas linhas apagadas e re-escritas várias e várias vezes.
Porque o grande problema de quem vive não é ter ou não ter certeza. Não se trata só de acreditar em si mesmo nem ser alegre ou triste demais.

Porque ele tinha tudo isso! Dúvidas e certezas. Alegrias e tristezas.

Dizem que todo mundo tem um dom. Um talento especial.
Se essa generalização é correta eu não sei.
Mas sei que algumas pessoas que possuem um desses talentos acabam se moldando e vivendo por conta disso.
É uma coisa esquisita. Deliciosa.
É a única coisa que consegue fazer tu se sentir completo.
E também consegue fazer tu se sentir vazio.

É a poesia da arte.

Tu se torna personagem de tua própria canção. Do teu próprio filme.

Do teu próprio livro.

Você!
Este ser devastadoramente egocênctrico.
E ao mesmo tempo fraco e incerto.

O mundo real, para pessoas tão apegadas as seus talentos pode ser um lugar perigoso demais.
Uma vez nele, é difícil se manter sóbrio e ainda acreditar em tudo que se sonhou nos anos de inocência.
É difícil dar o passo adiante.
Mas a dúvida é o preço da pureza.

Todo mundo morre todos os dias, metaforicamente falando.

Este texto poderia muito bem falar de mim mesmo (e talvez até fale).

Mas por quê justamente nisso tu foi se meter a ser literal?


Para o amigo e grande escritor Fernando LePage (Ian Stein).


O legado:
O Verme da Big Apple