segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Infinita Highway

Uma das coisas mais importantes da humanidade é a compreensão. E a capacidade que temos de compartilhar.
Acho que todo mundo busca isso. Sentir que pelo menos alguém no mundo te entenda.
Esse é um dos pilares de uma amizade. Um amigo sabe o que você sente, entende porque você se sente desta ou daquela maneira.

E é impressionante como o cinema, essa arte tão incrível, consegue fazer esse papel algumas vezes.
É indescritível a sensação de terminar de assistir um filme e pensar: "Puxa vida! É exatamente assim que eu me sinto!"
Se sentir retratado num filme é algo mágico.

Nesse fim de semana assisti mais um filme que me surpreendeu!
Going The Distance (Amor à Distância aqui no Brasil), lançado em 2010 e dirigido pela jovem Nanette Burstein, é um filme encantador. Uma comédia romãntica como poucas.

A história retrata um casal apaixonado que vive separado, ele em Nova York e ela em San Francisco.
Drew Barrymore está super à vontade no papel de Erin, uma aspirante a jornalista, e executa uma atuação maravilhosa.
Justin Long (que já trabalhou com Kevin Smith em Pagando Bem, Que Mal Tem) também se mostra um ator eficiente e muito engraçado interpretando Garrett, um rapaz que trabalha para uma gravadora.

Os dois se conhecem em em Nova York e começam um affair. Mas Erin em algumas semanas voltaria para San Francisco para terminar sua pós graduação. Inevitavelmente eles acabam se apaixonando e resolvem levar o relacionamento adiante, independente da distância.

O que se segue é um retrato delicado e divertido de um casal que mantém contato através de mensagens de celular, internet e telefonemas, e um ou outro encontro físico de fim de semana.

É surpreendente como tudo funciona bem no filme. As atuações excelentes, o roteiro de Geoff LaTulippe é super coeso e bem escrito. Com diálogos divertidos, situações interessantes, milhares de referências pop...tudo muito bem amarrado. Além de fugir do óbvio em diversas situações.

Quem já viveu ou vive uma situação semelhante termina de assistir o filme com a alma lavada! Dá vontade gritar "ALGUÉM ME ENTENDE!!!" com um sorriso nos lábios.

A distância é muito sofrível, de fato. Mas há maneiras de driblar um pouco esse sofrimento.
É muito reconfortante receber uma mensagem no celular enquanto tu trabalha, que simplesmente diz que tu faz a diferença na vida de alguém.

A palavra chave, na verdade, não é "saudade", mas sim "amor". E os encontros, quando se fazem possíveis, são momentos tão mágicos...

A verdade é que a distância é uma merda.
Mas existe aquele alguém que faz tudo valer a pena.

Então, corra todos os riscos desta highway.
Corra de braços abertos!
Corra atrás do horizonte desta highway.
Perto ou distante, o importante é viver o amor.

Ainda mais quando o cinema dá esta baita força.


Assista Amor à Distância.


Passarinho, que som é esse?


Outubro ou Nada! - Bidê ou Balde

O rock gaúcho é, sem sombra de dúvidas, um capítulo á parte da música brasileira. Longe demais das capitais, do rock ensolarado do Rio de Janeiro, ou da revolta urbana de São Paulo e dos punks de boutique de Brasília, os gaúchos criaram um estilo próprio. Um rock ácido e anárquico.

Assim é a banda Bidê ou Balde que, a começar pelo nome, aparece encharcada em nonsense e guitarras distorcidas desde seu primeiro disco, Se Sexo É O Que Importa, Só o Rock É Sobre Amor.

Mas a maturidade veio mesmo com Outubro Ou Nada, segundo disco da banda, lançado em 2002.
A banda abraçou influências como Pavement, Weezer e Flaming Lips e misturaram com referências sulistas, no melhor estilo bairrista que os gaúchos tanto cultivam.

O resultado é um disco apaixonante. Delicioso de se ouvir. Melodias saborosíssimas, guitarras saturadas, letras engraçadas e super inteligentes. Não dá pra cansar de ouvir.

Destaco as belíssimas Microondas, Bromélias e a super sacada Adoro Quando Chove.
Matelassê é um rock sensacional e engraçadíssimo sobre o mundo fashion, O Antipático é outra pérola, além da doce Aeroporto e a maluca A-Há!

A produção do disco é impecável, deixando cada faixa com um frescor de novidade a cada acorde. Manteve-se uma certa crueza do rock, mas na medida com a delicadeza dos vocais femininos e teclados trabalhadinhos.

Disco recomendadíssimo!
Vai lá ouvir.




Este disco é para quem gosta de:
Roupa de brechó, Monty Phyton, x-coração na Lancheria do Parque, vodka com Sprite, Weezer, óculos de aros grossos, jogos do Atari, guitarras vintage.


Aperta o play, Macaco! -
The State I Am In - Belle and Sebastian

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Feeling Strangely Fine

Às vezes é bem complicado pra mim escrever aqui.
Escolho o filme sobre o qual o texto vai abordar. sem uma idéia prévia do que irei dizer.

Mas, uma vez o filme escolhido, não gosto de mudar.
Quando tenho dificuldade de expressar o que o filme me passou, encaro como um desafio conseguir fazê-lo.

E hoje, escrevi e re-escrevi sobre este filme muitas vezes. Mas nunca me parecia o ideal.
Só agora me dei conta de que a maneira certa é ser o mais pessoal possível, assim, talvez, eu consiga transmitir com mais clareza toda a essência deste filme que me encantou tanto.

Para a surpresa de muitos, hoje falo sobre Sex And The City (Sex And The City - O Filme) lançado em 2008 e dirigido por Michael Patrick King.

Começo dizendo que este é o ponto de vista de alguém que nunca assistiu o seriado da TV, portanto, minha base é unicamente este filme.
Sinceramente não sei como foi a aceitação por parte de quem era fã da série.

Sex And The City é um filme surpreendente!
Primeiro porque aborda um mundo desconhecido para a maioria de nós, homens: O universo feminino.
Segundo porque fala de maneira pura e sincera sobre amizade e companheirismo.
Confiança, lealdade...e, óbviamente, amor.

Provavelmente pela existência da série de TV as personagens tem uma profundidade diícil de se encontrar na maioria dos filmes desse gênero.
Carrie Bradshaw, a personagem principal interpretada por Sarah Jessica Parker é encantadora e muito carismática.

O roteiro é impressionantemente bem amarrado e repleto de reviraviravoltas que te deixam grudado na cadeira durante todo o filme. Quando tu acha que as coisas estão entrando nos eixos, vem alguma outra coisa e muda tudo! É fantástico!
O roteiro é escrito pelo também diretor Michael Patrick King em conjunto com o criador da série Darren Star e pela autora Candace Bushnell.

Essas três pessoas por trás do roteiro explicam a dinâmica veloz do filme, os diálogos bem construídos e a montagem espertíssima de Sex And The City, afinal, é um filme com muito da linguagem da TV.
O diretor Michael Patrick King se sai muito bem como estreante no cinema, uma vez que sua experiência veio toda da televisão.

É engraçado como há todo um preconceito com relação a esse filme, por ser muito "coisa de mulher" e tal.
Que besteira!

É sensacional existir um filme como este. Que te leva para dentro da cabeça das mulheres. Faz com que você as entenda melhor, as leve mais a sério e perceba o que realmente as faz feliz.
Claro, não é simples assim.
Mas é um bom começo para entendê-las.

Além do mais estamos aqui para falar de cinema.
E este é um filme repleto de cenas engraçadíssimas e emocionantes.
É um filme que, ao final, você poderá parar pra pensar no que representa de verdade a amizade para você.
Como você encara um relacionamento.
O que é o amor.

No fim das contas, você vai parar um pouco de se perguntar por quê elas ligam tanto para uma porra de uma bolsa de oitocentos reias e vai pensar mais sobre o que você pode fazer para que elas se sintam bem.

Afinal, não dá pra viver sem elas (as mulheres, não as bolsas).
Assim como não dá pra viver sem o cinema que nos traz de forma tão divertida tantas reflexões e entretenimento.

Portanto, aproveite.
Assista Sex And The City!

E seja feliz.

Passarinho, que som é esse?


Feeling Strangely Fine - Semisonic


Se tem uma coisa que eu admiro em uma banda é personalidade.
E isso esta banda americana sempre teve.

A banda Semisonic começou em 1995 quando lançou seu primeiro EP, sem grande repercussão.
Em 1996 lançaram o disco Great Divide, que teve alguma notoriedade nas college radios americanas.
Mas só dois anos depois, em 1998, é que a banda foi catapultada para o sucesso com dois hit singles: Closing Time e Secret Smile.
Era lançado assim o terceiro disco da banda, Feeling Strangely Fine.

O guitarrista Dan Wilson é um compositor fantástico. Escreve melodias simples, mas memoráveis, e junto com o baixista John Munson e o baterista Jacob Slichter, desenvolvem arranjos caprichados. Desta maneira a banda consegue ficar no limiar entre o indie e o pop.

Feeling Strangely Fine é o disco que melhor representa a banda. Com baladas invejáveis e hits instantâneos.
Além das já citadas Closing Time e Secret Smile, o disco ainda conta com a radiofônica California e a empolgante Singing In My Sleep.

Há de se citar a produção impecável de Nick Launay, que já trabalhou com gente como John Lydon, Lou Reed, The Church, Nick Cave e Silverchair. A clareza dos instrumentos junto com pequenos detalhes "barulhinhos" inseridos...dá um sabor todo especial ao disco.

Mas o que mais me impressiona é a mão que Dan Wilson tem para baladas tão bonitas. Made To Last é linda com um piano martelado e Gone To The Movies é dessas que tu sai cantarolando pela rua pensando na sua garota. Sem contar Secret Smile, que sempre foi das minhas favoritas, com um arranjo de rasgar qualquer coração.

Disco mais que recomendado. Sem contra-indicação.
Vai lá ouvir!


Este disco é para quem gosta de:
Vodka com energético, andar na moda, Snow Patrol, filmes do Cameron Crowe, paquerar na porta da balada, Teenage Fanclub, All Star limpo, cores frias.


Aperta o play, Macaco! - The Killing Moon - Echo and The Bunnymen

terça-feira, 12 de julho de 2011

Que tipo de ser humano eu sou?
Que tipo de ser humano eu penso que sou?
Alguém que tira mais lições dos filmes do que da vida real.
Que, às vezes, precisa parar de pensar que a vida é um filme.

Mas será que não é mesmo?

O cinema não imita a vida?
E quando eu digo imitar, quero dizer no sentido de fazer uma caricatura. É como quando alguém imita o Sílvio Santos e faz aqueles gestos exagerados e aquela risada característica.
O cinema pega a vida real, extrapola um ou outro aspecto e nos entrega uma história onde tu se identifica, se apaixona, chora, sofre, sente raiva, solta gargalhadas...

E é por isso que o filme sobre o qual venho falar hoje é tão marcante.

Lançado em 1999, Magnolia é, sem dúvida, o filme mais emblemático e inspirado do diretor Paul Thomas Anderson. É um drama fantástico sobre a vida real.

Com um elenco de peso e um roteiro brilhante, Magnolia chega a ser perturbador.
Essencialmente a trama apresenta nove personagens que tem suas vidas cruzadas de alguma maneira, seja por coincidências ou consequências.
Tom Cruise encarna um autor de auto-ajuda egocêntrico, Phillip Seynour Hoffman é um enfermeiro devotado, Julianne Moore está impressionante como uma esposa amargurada e arrependida, Jason Robards é um velho relembrando seu passado no leito de morte, John C. Reilly é um policial solitário, Melora Walters uma viciada em cocaína...enfim, por aí vai.

Na verdade é muito complicado fazer uma sinopse deste filme, uma vez que são tantas histórias diferentes se cruzando.
O filme parece se passar em 24 horas, todos os personagens vivem nos arredores da Magnolia Blvd, uma rua de Los Angeles.

O roteiro de Magnolia é, de fato, complexo. Não é um filme fácil de se ver. Mas é uma trama amarrada com delicadeza, com personagens profundos e situações emocionantes.
A nontagem é muito dinâmica, sobrepondo cenas de cada personagem separadamente, mas mantendo um ritmo e um fio condutor acessível.
Paul Thomas Anderson escreveu, editou e dirigiu esta obra genial de forma magistral. Sua sensibilidade é passada para a tela e da tela para o espectador sem dificuldade.

O filme aborda diversos temas. Homossexualidade, drogas, traição, solidão, incesto. Mas o mais importante é perceber que é um filme sobre redenção. Sobre encarar os fatos e seguir em frente. Abrir mão de algumas coisas, segurar outras.

A vida não é uma constante.
Não dá pra sorrir o tempo todo e achar tudo ótimo.
Não dá pra ser sempre mal-humorado, contrariar tudo.
Não se vive só de sonhos.
Não se sobrevive vivendo só a realidade.
É a cabeça nas nuvens e os pés no chão.

Como eu disse, Magnolia é um drama fantástico sobre a vida real.
Assim, como a vida, o filme é, em muitos momentos, angustiante, triste. Mas também é lindíssimo. Em imagens e momentos.
E o final é um dos mais doces e singelos que eu já vi na história do cinema.
É um sorriso, um suspiro, que parece te abraçar e te dizer que está tudo bem. Um sorriso que enxuga tuas lágrimas.
Por mais assustadora que pareça a chuva (e que chuva, amigos e amigas), o dia sempre amanhece.

Pra te falar a verdade, eu acho muito legal enxergar a vida como se fosse um filme.
Porque a cada passo a frente que eu dou, eu me emociono.
Cada pessoa especial que eu conheço, eu tento me re-inventar pra ser igualmente especial para ela.
Eu olho para trás, como em flash-backs, para aprender com meus erros.
Imagino trilhas sonoras fabulosas em momentos bons.

Assim como sou apaixonado por cinema, acabo sendo apaixonado pela vida.

Então, meu amado leitor, preciosa leitora, assista mais filmes.
Viva!
Assista Magnolia.

A cabeça nas nuvens sempre!
Mas com os pés no chão.


Passarinho, que som é esse?


30゜ Anniversaire - Edith Piaf

Desde que assisti ao filme Piaf, que conta a história desta magnífica cantora francesa, me apaixonei pela obra dela. Sua paixão pela música era invejável.

Não preciso falar muito sobre ela, porque já o fiz num post antigo aqui neste blog falando sobre o filme. (procura no arquivo de 2010)
Mas vale ressaltar sua bela e forte voz que contrastava com sua frágil saúde.
Piaf dedicava-se à música como dedicava-se à vida.
Viveu intensamente.
Cantou intensamente.

Geralmente não gosto de indicar coletâneas. Acredito sempre na força de um álbum, que foi pensado, a ordem das canções escolhidas e tal...
Mas neste caso, não há outro jeito.
Este 30゜ Anniversaire é um apanhado do que de melhor Piaf gravou em sua carreira. O disco foi lançado como homenagem quando se completaram 30 anos da morte da cantora.

Todos os clássicos estão neste disco.
La Vie En Rose, Padam Padam, Hymne À L'amour, Milord, Mon Dieu, Non, Je Ne Regrette Rien.
Além de outras músicas igualmente fabulosas como Bravo Pour Le Clown, a linda Les amants d'un jour, Une Valse e tantas outras.

É um disco completíssimo!

Recomendado para qualquer amante.
Não só o amante da boa música.
Mas o amante da vida!

"Non, rien de rien
Non, je ne regrette de rien,
car ma vie, car mes joies,
aujourd'hui ça commence avec toi"

Este disco é para quem gosta de:
Whisky puro, vestido longo, cinema europeu, se fazer de difícil, chorar no banheiro, Frank Sinatra, se sentar no banco de trás do carro.


Aperta o paly, Macaco! - I've Got A Feeling - The Beatles.