terça-feira, 12 de julho de 2011

Que tipo de ser humano eu sou?
Que tipo de ser humano eu penso que sou?
Alguém que tira mais lições dos filmes do que da vida real.
Que, às vezes, precisa parar de pensar que a vida é um filme.

Mas será que não é mesmo?

O cinema não imita a vida?
E quando eu digo imitar, quero dizer no sentido de fazer uma caricatura. É como quando alguém imita o Sílvio Santos e faz aqueles gestos exagerados e aquela risada característica.
O cinema pega a vida real, extrapola um ou outro aspecto e nos entrega uma história onde tu se identifica, se apaixona, chora, sofre, sente raiva, solta gargalhadas...

E é por isso que o filme sobre o qual venho falar hoje é tão marcante.

Lançado em 1999, Magnolia é, sem dúvida, o filme mais emblemático e inspirado do diretor Paul Thomas Anderson. É um drama fantástico sobre a vida real.

Com um elenco de peso e um roteiro brilhante, Magnolia chega a ser perturbador.
Essencialmente a trama apresenta nove personagens que tem suas vidas cruzadas de alguma maneira, seja por coincidências ou consequências.
Tom Cruise encarna um autor de auto-ajuda egocêntrico, Phillip Seynour Hoffman é um enfermeiro devotado, Julianne Moore está impressionante como uma esposa amargurada e arrependida, Jason Robards é um velho relembrando seu passado no leito de morte, John C. Reilly é um policial solitário, Melora Walters uma viciada em cocaína...enfim, por aí vai.

Na verdade é muito complicado fazer uma sinopse deste filme, uma vez que são tantas histórias diferentes se cruzando.
O filme parece se passar em 24 horas, todos os personagens vivem nos arredores da Magnolia Blvd, uma rua de Los Angeles.

O roteiro de Magnolia é, de fato, complexo. Não é um filme fácil de se ver. Mas é uma trama amarrada com delicadeza, com personagens profundos e situações emocionantes.
A nontagem é muito dinâmica, sobrepondo cenas de cada personagem separadamente, mas mantendo um ritmo e um fio condutor acessível.
Paul Thomas Anderson escreveu, editou e dirigiu esta obra genial de forma magistral. Sua sensibilidade é passada para a tela e da tela para o espectador sem dificuldade.

O filme aborda diversos temas. Homossexualidade, drogas, traição, solidão, incesto. Mas o mais importante é perceber que é um filme sobre redenção. Sobre encarar os fatos e seguir em frente. Abrir mão de algumas coisas, segurar outras.

A vida não é uma constante.
Não dá pra sorrir o tempo todo e achar tudo ótimo.
Não dá pra ser sempre mal-humorado, contrariar tudo.
Não se vive só de sonhos.
Não se sobrevive vivendo só a realidade.
É a cabeça nas nuvens e os pés no chão.

Como eu disse, Magnolia é um drama fantástico sobre a vida real.
Assim, como a vida, o filme é, em muitos momentos, angustiante, triste. Mas também é lindíssimo. Em imagens e momentos.
E o final é um dos mais doces e singelos que eu já vi na história do cinema.
É um sorriso, um suspiro, que parece te abraçar e te dizer que está tudo bem. Um sorriso que enxuga tuas lágrimas.
Por mais assustadora que pareça a chuva (e que chuva, amigos e amigas), o dia sempre amanhece.

Pra te falar a verdade, eu acho muito legal enxergar a vida como se fosse um filme.
Porque a cada passo a frente que eu dou, eu me emociono.
Cada pessoa especial que eu conheço, eu tento me re-inventar pra ser igualmente especial para ela.
Eu olho para trás, como em flash-backs, para aprender com meus erros.
Imagino trilhas sonoras fabulosas em momentos bons.

Assim como sou apaixonado por cinema, acabo sendo apaixonado pela vida.

Então, meu amado leitor, preciosa leitora, assista mais filmes.
Viva!
Assista Magnolia.

A cabeça nas nuvens sempre!
Mas com os pés no chão.


Passarinho, que som é esse?


30゜ Anniversaire - Edith Piaf

Desde que assisti ao filme Piaf, que conta a história desta magnífica cantora francesa, me apaixonei pela obra dela. Sua paixão pela música era invejável.

Não preciso falar muito sobre ela, porque já o fiz num post antigo aqui neste blog falando sobre o filme. (procura no arquivo de 2010)
Mas vale ressaltar sua bela e forte voz que contrastava com sua frágil saúde.
Piaf dedicava-se à música como dedicava-se à vida.
Viveu intensamente.
Cantou intensamente.

Geralmente não gosto de indicar coletâneas. Acredito sempre na força de um álbum, que foi pensado, a ordem das canções escolhidas e tal...
Mas neste caso, não há outro jeito.
Este 30゜ Anniversaire é um apanhado do que de melhor Piaf gravou em sua carreira. O disco foi lançado como homenagem quando se completaram 30 anos da morte da cantora.

Todos os clássicos estão neste disco.
La Vie En Rose, Padam Padam, Hymne À L'amour, Milord, Mon Dieu, Non, Je Ne Regrette Rien.
Além de outras músicas igualmente fabulosas como Bravo Pour Le Clown, a linda Les amants d'un jour, Une Valse e tantas outras.

É um disco completíssimo!

Recomendado para qualquer amante.
Não só o amante da boa música.
Mas o amante da vida!

"Non, rien de rien
Non, je ne regrette de rien,
car ma vie, car mes joies,
aujourd'hui ça commence avec toi"

Este disco é para quem gosta de:
Whisky puro, vestido longo, cinema europeu, se fazer de difícil, chorar no banheiro, Frank Sinatra, se sentar no banco de trás do carro.


Aperta o paly, Macaco! - I've Got A Feeling - The Beatles.

3 comentários:

Zé(d's) disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Zé(d's) disse...

Eu semprei pautarei a vida através de filmes. Seria loucura não fazê-lo... Hoje mesmo, de bobeira em casa, chorei até os olhos ficarem vermelhoes e fundos em duas cenas de TEMPO DE DESPERTAR. A primeira é aquela em que o médico vivido por Robin Willians pede autorização à mãe do paciente interpretado por Robert DeNiro para tentar um tratamento que o tiraria de uma letargia de trinta anos. Nisso a senhora perguntar: "Mas o que esse mundo louco tem a oferecer ao meu filho?" E o médico simplesmente responde: "A senhora. Ele terá a senhora!". A segunda é aquela em que, após o tratamento frustrado para os doentes mentais, Robin Willians diz aos mantenedores do hospital: "O remédio falhou, senhoras e senhores, o tratamento não deu certo. Mas recuperamos o amor pelas pessoas, o carinho, o toque humanos, a amizade. É disso que a gente tinha esquecido". É piegas??? Que se foda. Quem acha piegas só está comprovando a última fala do médico! Um Abraço. PS: Não preciso dizer nada sobre Magnolia. Não vou gerar Spoilers

Ana disse...

Se minha vida é um filme, foi dirido por Buñoel...
Assisti Magnólia em 2000, em VHS. Há dois meses assisti de novo, pirei again.
O que é aquela chuva de sapo?????
Por isso que amo cinema, ver, rever, viver...