sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Aproveitando um trabalho que tive que fazer para a faculdade, assisti o filme nacional Como Fazer Um Filme de Amor.

Achei o filme bem interessante e resolvi resenhar ele aqui pra vocês.

Como Fazer Um Filme de Amor


Mascando clichê.


O título deste filme de José Roberto Torero é muito auto-explicativo.
O filme vem retratar todos os clichês possíveis e imagináveis usados para atrair a atenção do público-alvo de filmes românticos (leia-se: mulheres).

O longa ganha pontos por ser um filme autoral (coisa cada vez mais rara, não só no cinema nacional). Torero é um roteirista de mão cheia. Neste trabalho, amarra muito bem as cenas, fazendo uso de um narrador esperto e engraçado.

As atuações funcion
am bem. Denise Fraga é a protagonista junto com Cássio Gabus Mendes.
Fraga é a típica mocinha de comédias românticas. Simpática, divertida, esforçada, bondosa...ela tem que ser encantadora sem fazer uso somente da beleza. Mas seu desempenho deixa um pouco a desejar. Ela não consegue cativar o espectador como deveria. Mas se sai bem nas cenas mais engraçadas.
Cássio Gabus Mendes já consegue se sair melhor. É convincente ao viver o típico mocinho de filmes românticos, um homem charmoso e petulante, mas solitário. Além, é claro, de ter uma veia cômica excelente.

Mas, como bom clichê d
e cinema, o destaque fica com o vilão. Marisa Orth desempenha maravilhosamente o papel de vilã! Usa de todos os clichês existentes. Roupas escuras, é meio brega, mal-humorada e tem um capanga brucutu (vivido com perfeição por André Abujamra). Orth é naturalmente uma atriz de comédia, o que torna sua personagem ainda mais deliciosa.

O uso dos clichês, que muitas vezes pode decepcionar o espectador, torna o filme mais interessante, já que o narrador (o excelente ator Paulo José) vai deixando claro que aquilo tudo é intencional, justamente para ficar explícito como deve ser feito um filme de amor.

Todos os clichês estão lá. O casal protagonista se encontra pela primeira vez e se desentende, além de, aparentemente, não terem nada em comum.
Laura (Denise Fraga) é meiga e engraçada, boazinha...se preocupa com a mãe doente. Alan (Cássio Gabus Mendes) é ri
co, petulante, mas charmoso e, no decorrer do filme, se mostra solitário. Cada um deles tem um confidente. Ela a mãe, ele o mordomo.

A vilã Lilith (Marisa Orth) é autoritária, mesquinha, mau-humorada. Seu capanga Adolf (André Abujamra) é um brucutu alemão com sotaque carregado, desprovido de cérebro e devoto incondicional de sua chefe.

Ao decorrer do filme, mais e mais clichês pipocam na tela. Praias desertas, o casal correndo em câmera lenta, depois lado a lado trocando segredos, a vilã enciumada faz de tudo para separar o casal apaixonado e, é humilhada no final. O mocinho faz uma "loucura" para demonstrar seu amor...

Enfim. É um filme que ironiza este filão tão rentável do cinema, que se faz valer de uma fórmula só, não deixando espaço para roteiros mais ousados.
E este é o grande mérito de Como Fazer Um Filme de Amor.


Passarinho, que som é esse?


Era Uma Vez Um Gato Xadrez - Acretinice me Atray

Li em algum lugar que deve ter alguma coisa na água do rio Guaíba que faz sair de Porto Alegre tanta banda esquisita.
Deve ser verdade.
Acretinice me Atray é um projeto musical que vem desde o começo dos anos noventa, capitaneado por Egisto Dal Ponte, membro dos Colarinhos Caóticos e produtor do clássico primeiro disco do Júpiter Maçã.
Em resumo, a banda teve várias formações e sempre primou pelo improviso, letras beirando a poesia e o nonsense...tudo muito cretino mesmo.
A formação clássica da banda está neste disco, lançado em 2000: Egisto Dal Santo (baixo), Cléo de Páris (vocal), Jimi Joe (guitarra), Astronauta Pingüim (teclados) e G. Schneider (bateria e outras percussões).

Era Uma Vez Um Gato Xadrez traz a irreverência do rock gaúcho, calcada no teatro do absurdo, jovem-guarda, Oscar Wilde, clichês retrô...tudo programado pra ser exagerado, até mesmo meio forçado. Cretino mesmo!

Essa mistura toda acaba tornando o disco maravilhoso. Tem boas melodias, bom humor, espetadas no povinho pseudo-intelectual...

A música que abre o disco dá o tom da obra toda. Boneca Comestível é uma música jovem-gardista com uma letra bizarra, um haikay nonsense.
Daí em diante, rola muito rock n' roll com um pé no blues e outros trinta e nove pés na psicodelia.

Destaco as canções Meu Amor/Não Existe Amor, Relâmpagos do Progresso, Duas Mulher e Sandina (que ficou famosa pelos Replicantes nos anos oitenta).

Se tu não está habituado a muita loucura sonora, fuja deste disco e vá procurar Mutantes, Júpiter Maçã e coisas do gênero.
Para iniciados neste filão, é só ouvir e se deleitar.

Este disco é para quem gosta de: Tirar onda de retrô, LSD, roupas coloridas, pin-ups, Syd Barret, Monty Phyton, rock gaúcho, brechó, goma de mascar.

erta o play, Macaco! -
I Will - The Beatles