quarta-feira, 3 de junho de 2009

Pra Entender

"Pode me chamar de superficial, mas eu julgo sim uma pessoa pelos seu gosto musical e cinematográfico."
Assim fala o personagem Rob Gordon, interpretado por John Cusak, no sensacional filmee Alta Fidelidade, adapatação do livro de mesmo título de Nick Hornby.

E eu concordo com essa frase.
Não radicalmente, claro. Conheço pessoas incríveis que tem um gosto musical duvidoso e péssimo gosto para cinema.
Mas em geral me relaciono melhor com pessoas com perspectivas parecidas com as minhas em termos de artes em geral.

Estou dizendo isso porque hoje fui alugar alguns filmes e acabei alugando e assistindo um dos grandes filmes da minha vida.

Antes de falar sobre este filme, só quero que conste que assisti hoje também Força Policial (Pride And Glory, no original), o mais recente filme com o imbatível Edward Norton.
O filme é ótimo. Bem filmado, história envolvente e etc.
E Edward Norton mais uma vez não decepciona.
Quem me mostrar um filme ruim que Edward Norton tenha participado ganha um doce.

Mas tudo foi eclipsado quando começou Man On The Moon, O Mundo de Andy.

Se você quiser me entender melhor, me conhecer...entender porque faço determinadas piadas, ajo de forma esquisita de vez enquando...Pois então assista este maravilhoso filme que conta a trajetória de Andy Kauffman, um dos maiores artistas que os Estados Unidos já revelaram.

A visão de Andy Kauffman com relação as artes e a vida é bem parecida com a minha. A concepção de arte que mexe com o espectador de forma arrebatadora e desperta sentimentos diferentes...do riso ao ódio, das lágrimas à confusão...
Uma pessoa que tinha várias personalidades em uma só. Para no fim descobrir que não existe um verdadeiro Andy Kauffman. Porque todos os Andys eram verdadeiros. (Não, eu não contei o fim do filme...)

O filme é do diretor Milos Foreman (O Povo Contra Larry Flint), que não só dirigiu de forma sábia o filme, com o timing perfeito de todas as piadas e interpretações de Kauffman, como escolheu um elenco incrível.

Danny DeVito está perfeito no papel do empresário George Shapiro, sendo homem de negócios, mas também um visionário acreditando no talento de Kauffman mesmo nos momentos mais difíceis.

Paul Giamatti também cai como uma luva para o papel maluco de Bob Zmuda, parceiro e amigo de Andy.

Até a maluquete Courtney Love está especialmente bonita neste filme e com uma atuação impressionante.

Mas, obviamente, o grande e indiscutível destaque é Jim Carrey interpretando o personagem principal.
Carrey incorporou Andy Kauffman de forma impressionante. Para quem duvida, basta ir para o youtube e pegar videos com o próprio Andy Kauffman e depois comparar com as cenas do filme.
Mas o personagem de Jim Carrey vai além. É algo notável, inclusive na expressão facial do ator nas cenas finais, quando Kauffman já está com câncer em fase de desenvolvimento.

Apesar de o filme figurar na seção de comédia na maioria das locadoras, ele é um drama emocionante. É uma história que vai além do humor. É um filme que mostra a indústria do entretenimento sendo engolida por ela mesma. E dá uma boa amostra do que talvez seja arte de verdade.

A vida imita o vídeo, amigos a amigas.
O mundo, a vida...essas sim são as grandes piadas do universo.

Passarinho, que som é esse?

First Band On The Moon - The Cardigans

Qualquer pessoa que tenha vivido em sociedade, com acesso à rádio e/ou tv na década de 90 deve se lembrar do grande sucesso da música Lovefool. Uma canção que nasceu hit e foi impulsionada pelo carisma e beleza de sua intérprete, por entrar na trilha sonora do filme Romeu e Julieta (de 1996, dirigido por Baz Luhrmann com Leonardo DiCaprio) e clipe estourado na MTV.

O que a maioria das pessoas que se lembram dessa música não se deram conta é da qualidade do restante da obra da banda The Cardigans.

A banda começou em 1992 na Suécia como uma banda indie com uma sonoridade mais pop do que alternativa.
Em 1994 a banda lança seu primeiro disco, Emmerdale, emplacando localmente a canção Rise And Shine, já deixando claro o talento de Peter Svensson e Nina Persson, guitarrista e vocalista respectivamente, para compor melodias grudentas e saborosas.

Em 1995 chega o segundo disco, Life. O hit Carnival leva o nome da banda para além das fronteiras suecas e mostra um avanço musical, com músicas mais bem trabalhadas, cada vez mais evidenciando as qualidades vocais de Persson. Também destaca-se neste disco a inusitada, porém muito inspirada, interpretação da banda para a música Sabbath Bloody Sabbath, clássico do metal que ganhou tratamento lounge.

Mas o ano de 1996 foi o ano dos Cardigans.
O disco First Band On The Moon, empurrado pelo sucesso avassalador de Lovefool varre o planeta.
Quem teve a boa vontade de ouvir o disco todo e não só seu grande hit, com certeza teve uma surpresa agradabilíssima.

First Band On The Moon é recheado de hits em potencial. Músicas tão doces e encantadoras que dá pra imaginar que foram escritas com muito carinho...
O disco já abre a dançante Your New Cuckoo mostrando que a banda não tem vergonha de mostrar suas raízes (alguém falou em Abba?).

O que se ouve em seguida é uma sequência de canções que poderiam, sem exceção, figurar no dial de qualquer rádio sem fazer feio.
Muito dessa qualidade deve-se à impecável produção de Tore Johansson, que deu um acabamento pop refinado às canções de Persson e Svensson.

O disco traz além de grandes canções como a citada Lovefool, Been It, a sixtie Never Recover, Choke e a linda Great Divide, duas referências ao disco anterior:
A primeira é a canção Happy Meal II, espécie de continuação da canção Happy Meal (que figura no disco Life), com mesma estrutura melódica e letra parecida.
A banda também repete a dose fazendo mais uma releitura de um clássico do Black Sabbath. A bola da vez foi Iron Man, que ganhou um ar jazzy moderninho que, para muitos, reduziu a pó a versão original da canção.

Depois deste disco os Cardigans ainda lançaram mais três discos, mas nenhum que alcançasse a perfeição e equilibrío deste First Band On The Moon.
A banda continua em atividade. Atualmente leva um som um pouco mais melancólico que o pop ensolarado de Lovefool e Never Recover, mas continua uma banda talentosíssima e singular num cenário pop cada vez mais enlatado.

Em resumo:
Disco mais que recomenadado!

Este disco é para quem gosta de:
Balada, Abba, vodka com energético, Semisonic, dizer que é eclético, vocal feminino, melodias bubblegum, comédias românticas.

Dá o play, Macaco! - Let Me Go - Cake






9 comentários:

el escama disse...

Achoque tudo o q foi dito em relação ao Andy (incluindo o fato de ser um atalho pro mundo lhe entender melhor) pode ser aplicado a mim tbm. E, de uns tempos pra cá, meu desafio e hobby favorito é me encantar por pessoas de gosto totalmente diferentes do meu... e pior: fazer elas se atrairem por este q escreve.

Eduardo Guimarães disse...

Concordo que conhecemos e nos relacionamos melhor com pessoas que tenham o mesmo gosto de filmes e musicas do que o nosso.
Se quer provar o contrario, tente ficar conversando por uma meia hora com um cara que curte funk, axé e adore os filmes do Michael Bay.

Unknown disse...

vc sempre salvando meu dia! adorei ler o post, e o remember do the cardigans, tava precisando de ouvi-los! ;D

Gabi disse...

Convivi praticamente minha vida inteira com pessoas totalmente adversas aos meus gostos, meu jeito de ver as coisas e das minhas conversas insanas sem contar no humor, digamos que, diferenciado. Porém é difícil não gostar delas... o negócio é que existe gente pra cada momento e aquelas pra todos os momentos.

Mariana Machado Hirche disse...

Eu gosto de tudo isso q vc citou no "este disco é pra quem gosta de..."

Zé(d's) disse...

sobre o the cardigans: "PRECISO"... a resenha foi precisa... e eu preciso ouvir esse disco

Mari Diamond disse...

Humm...deu vontade de assistir...

Sabe, pra mim é assumido!!!

Ódio total aos FILISTEUS! They blow...

Mari Diamond disse...

Aliás, amooo Cake.

Juliana Spadoto disse...

Delicioso, esse post. Por coincidência, há pouco assisti o Força Policial (ah, essas traduções de títulos acabam com o "glamour" da coisa...) sem muitas expectativas, mas estava errada. Agora, pode me dar um doce de batata doce, no formato de coração: quer um filme ruim do Edward Norton? E aquele "Morra, Smoochy, morra", lembra?´Eu detestei!!!! rs
Bjs, sempre!