sexta-feira, 28 de novembro de 2008
I Don't Want To Grow Up
Mas, não, não acho isso tão ruim. Acho prazeroso perceber o quanto eu, e tudo em minha volta, cresce, muda...e certas coisas que nunca mudam.
Até meus dezesseis, dezessete anos, não pensava em sair de casa para tomar cerveja, por exemplo. Eu era movido à Coca-Cola. Não só eu, como meus bons amigos que, ainda hoje, permanecem ao meu lado. Para quem conheceu a banda Intranse recentemente, não consegue imaginar seus integrantes saindo do ensaio, sentando num posto de gasolina e tomar dois litros de Coca-Cola (não vale dizer que era ressaca...).
Veja só, hoje, passados quase dez anos desta época áurea, muitos e muitos porres depois, eu saio de casa para tomar cerveja sim, mas não mais qualquer cerveja. A quantidade deu lugar á qualidade. Custo-benefício pra mim é tomar uma lata de Guinness ao invés de quatro Itaipavas.
Musicalmente também nota-se que o tempo passa. Não só me tornei mais tolerante, como mais aberto a novos estilos musicais e menos tolerante a moleques se dizendo amantes do rock n' roll sem, sequer, saber do que estão falando, saem por aí criticando deus e o mundo. É sabido que, principalmente, metaleiros tem essa visão distorcida e radical das coisas. Bem como punks ortodoxos...enfim, no geral o estereótipo de "roqueiro" é cada vez mais pejorativo.
Eu que fui contra tudo, queria ser o diferente...colocava o rock n' roll acima de tudo, brigava e discutia...Hoje prefiro colocar o disco da Fernanda Takai cantando coisas da Nara Leão, fumar um cigarro e relaxar. Falaremos mais sobre isso na seção "Passarinho, que som é esse?".
Enfim.Agora, em poucos meses, dois dos meus grandes amigos estão casando. Uma grande amiga já se casou...
A Patrícia, que eu conheço desde o colegial...que toquei num churrasco(?) na garagem do prédio onde ela morava...então. Ela casou!
O Sebão...o Sebão...meu deus, quantos porres homéricos! O Sebão que prometeu me ensinar a dirigir (e nunca cumpriu, diga-se)...então. Vai casar!
O Marcão! O Marcão que eu vi sentado quietinho namorando a Aline e tomando suco...e depois se revelando um alcoólatra de primeira linha, guitarrista introvertido(!)...então. Vai casar!
Isso sem falar em casos como a Mariana, que chorou comigo a morte do Joey Ramone nas escadas da faculdade e hoje está no Pará casada e com dois filhos!
Mas certas coisas nunca mudam. Ainda que tenha casado, a Patrícia, por exemplo, é a mesma garota amiga de sempre. Claro, que uns começam a namorar e somem, largam os amigos no bar e tals...mas no geral, continua tudo a mesma coisa, relacionamentos vem e vão, empregos mudam, uns ganham mais, outros menos, mudam gostos musicais...mas quando junta a turma toda, dá até gosto ver, como parece que continua todo mundo do mesmo jeito.
Eu nunca tive muita fé na humanidade. Mas tem uma certa parcela dessa humanidade pela qual eu, não só boto fé, como amo incondicionalmente.
De resto, só quero uma morte digna.
Passarinho, que som é esse?
Quem aí se lembra da banda Metrô? É...aquela lá dos anos oitenta que fez sucesso com a canção Beat Acelerado e Johnny Love.
Pois bem, a banda voltou no começo do século XXI, possivelmente naquela onda de revival dos anos oitenta. Mas, ao invés de regravar o mesmo disco, com os mesmos timbres e fazer shows por aí, o grupo da doce vocalista Virginie resolveu simplesmente atualizar seu som e lançar um disco novo (mas com antigos sucessos, claro.).
Lançado em 2002 pela Trama, o disco Déja Vù, é um disco que pode ser rotulado como a tal nova MPB, encabeçada por nomes como Bebel Gilberto. A banda optou por caminhar por outros caminhos, misturando trip hop e lounge com bossa nova e outras delícias. E se saíram muito bem.
A verdade é que fãs da banda, acostumados com aquele new wave adocicado vai tomar um baita susto! O disco já abre com uma canção dos Paralamas do Sucesso, Mensagem de Amor. Até aí tudo bem, revival, né? Mas a canção vem com nova roupagem. A versão bossa nova de Lucas Santanna ganha tempero levemente eletrônico lembrando Air.
Daí em diante, uma salada de releituras traz agradáveis surpresas ao decorrer de todo o disco.
Destaques para as canções da banda. A mais próxima à versão original é a bela Sândalo de Dandi. Um pouco mais eletrônica, mas o arranjo ainda é o mesmo. Ponto pra eles, já que a canção é realmente boa.
Johnny Love ficou linda! Foi desacelerada e ganhou um arranjo cuidadoso e singelo. Mais uma que emana influências lounge e trip hop como Air e Portishead.
Beat Acelerado é a grande surpresa. Perdeu a batida new wave e ganhou roupagem totalmente bossa-nova! Casou com perfeição a doçura da voz de Virginie com a batidinha de violão! Momentinho sublime!
Também merecem destaque as canções como a inusitada Everybody Is Wrong But Me, imortalizada na voz de Ella Fitzgerald, a divertida Rapaz da Moda, de Jair Rodrigues, Resemblance de Arto Lindsay e Leva Meu Samba, de Ataulfo Alvez, com participação de Jorge Mautner.
No geral o disco peca por não ter um fio condutor. Músicas como Aquarela do Brasil (de Ary Barroso) é tão descenessária quanto a participação de Preta Gil nos vocais desta e da canção Que Nega É Essa de Jorge Ben. Outras canções parecem meio desconexas aos clima trip-hop-bossa que dá o tom da maioria das canções e faz com que o disco funcione.
Vale a pena, pelo menos baixar e esperar sair por dez reais na Americanas.
este disco é para quem gosta de:
Violão na praia, pagar de moderninho, apartamentos espaçosos, discos novos do Caetano.
Dá o play, Macaco! - RE - Cafe Tacvba
terça-feira, 18 de novembro de 2008
Mais uma de amor...
Sim, eu estou falando de Before Sunrise (1995) e Before Sunset (2004), do diretor Richard Linklater.
Pra quem não sabe do que se trata, o filme mostra um casal de jovens que se conhecem num trem na Europa à caminho de Viena. O jovem Jesse, americano, vai passar o dia em Viena para pegar um avião na manhã seguinte e voltar para os Estados Unidos. Ele convence a parisiense Celine, que está voltando pra casa após visitar sua avó em Budapeste, a ficar em Viena com ele até que ele pegue seu avião, para que possam continuar a agradável conversa iniciada no trem.
Já dá pra imaginar o que vai acontecer à partir daí. E é aí que está a graça. Eles vão andando pela cidade conversando e conversando e conversando. O filme tem tudo pra ser chato. São cenas longas com só os dois falando sobre diversas coisas. Mas esses diálogos, a interpretação dos atores...é delicioso ir notando cada detalhe, como aos poucos a insegurança vai os traindo em gestos, relances, olhares...como vão se interessando um pelo outro.
O nervosismo instantes antes do primeiro beijo, a doçura dos olhares cada vez mais enternecidos e a angústia da hora da despedida que se aproxima.
O final do filme surpreende e, ao mesmo tempo encanta. Mostra como os jovens lidam com os sentimentos...
Jogos de sedução. Paixões repentinas. Prazer. Verdade. Amor...
Eu sei que ninguém sabe lidar bem com isso tudo. Mas, às vezes, eu me supero. E questiono tudo. E nunca sei o que realmente quero.
Sempre me senti como Jesse no filme. Um garoto que quando, de repente, se dá conta, sua namorada não está mais do lado, fica desencantado, amargo. E quando encontra outra pessoa. Se encanta. Fica inseguro...mete os pés pelas mãos. Não sabe o que dizer, aí, sempre acaba falando muito...
Alguém que não sabe jogar o jogo. E, muitas vezes (como agora, por exemplo) se dá por vencido. É aquela velha história de tu se enganar: "Bah, mas é bem melhor não se envolver com ninguém...Sair pra beber com os amigos quando quiser, olhar pra qualquer garota..."
Besteira!
Enfim, digo isso tudo pra mostrar que o filme desperta tanta coisa, faz como que tu pense de verdade no que representa gostar de alguém. Até onde tu iria. Tu teria voltado seis meses depois? Ou tu encararia como um momento que passou e segue tua vida? Será que as coisas podem acontecer naturalmente daquele jeito? Será que o amor de verdade tem essa naturalidade que eu nunca encontro porque fico nervoso, com medo de dizer qualquer coisa...morrer por um sorriso...será que é isso? Onde eu acho essa naturalidade?
Talvez seja sorte.
Talvez nada disso exista.
Mas eu ainda espero poder, quem sabe um dia, também ficar sentado e deixar meu avião partir sem mim.
Passarinho, que som é esse?
Alanis Morissette é uma cantora controversa. Mas, incontestavelmente, apesar de suas declarações provocativas e comportamento inconstante, compos grandes canções.
A maioria delas encontram-se em seu terceiro álbum, Jagged Little Pill (1995), lançado em 1995 e responsável pelo seu estrondoso sucesso no mundo todo.
Para comemorar os dez anos de lançamento de Jagged Little Pill, a cantora decide regravar as canções do álbum em versão acústica.E não é que funcionou?
O disco ficou ainda mais saboroso. Canções como You Oughtta Know e Head Over Feet ficaram ainda mais intimistas com arranjos mais enxutos e minimalistas com violão, piano e um ou outro arranjo de cordas aqui e ali, evidenciando ainda mais as letras confessionais da canadense.
Mas o destaque fica para as canções que já tinham uma melodia e arranjos mais doces. Perfect ganhou um novo arranjo de piano que deixa a música mais encorpada e bonita de se ouvir. Hand In My Pocket chega a emocionar com Alanis cantando sobre uma base de violão como se ela estivesse no seu quarto cantando, tocando violão com a gaita pendurada no pescoço e olhando nos seus olhos.
Em algumas canções faltou um pouco de tempero, é verdade. A onda minimalista deixa algumas músicas um pouco cansativas. Algumas idéias do Unplugged Mtv (1999) poderiam ser aproveitadas ou revistas, como a marcante linha de baixo em Ironic e o punch da bateria em You Learn.
Mas não é nada que tenha estragado as canções. Jagged Little Pill Acoustic acabou, em vários aspectos (arranjos e produção), superando sua versão plugada, deixando o disco suave e intimista, para que o ouvinte entre em contato com os sentimentos de cada canção.
Mais que recomendado!
Dá O play, macaco! - Mi's Favorites - John Mayer
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
Quanto Mais Idiota Pior!
O que será que essa gente pretende com esse tipo de coisa? Justificar o crime? Dizer "hey, o cara era louco...não fazia conscientemente..."
Ao retomar seu pseudônimo em português, Flávio Basso acaba revisando toda sua obra desde a era TNT/Cascaveletes até sua estréia como Júpiter Maçã, a transformação em Jupiter Apple e toda a mistura de gêneros.
Três anos depois, após se envolver com cinema e outras viagens, Basso volta como Jupiter Apple e lança seu segundo disco, o belo Plastic Soda. Neste disco Jupiter deixa de lado a euforia psicodélica e o british-rock mod para mergulhar na bossa-nova, mesclando pop francês, jazz e lounge, criando atmosferas viajandonas em cima de uma batida de violão bossa-novista e timbres retrô. E tudo cantado em inglês.
Em 2006, praticamente o disco inteiro (que era inédito) já vazou e é compartilhado intensamente na internet. E é um discão!
O disco começa com A Marchinha Psicótica de Dr. Soup. Nada mais óbvio e adequado para apresentar a obra do gaúcho. Desde o início você já fica sabendo que segue ao decorrer do disco um mosaíco de imagens mil.
Daí em diante, o ouvinte vai se surpreendendo a cada canção. Reconhecendo cada uma das influências, referências...O disco, sem dúvida, prima pela brasilidade, mas sem perder a veia rocker.