segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Quanto Mais Idiota Pior!

Em tempos de crise, onde tudo meio que parece desmoronar na minha vida, tento relaxar e assistir bons filmes. Numa passada pela locadora, me deparo com um filme cuja a capa mostra os clássicos óculos do John Lennon quebrados. O título do filme é Chapter 27.
Quando leio a sinopse do filme fico enojado, pois é um filme que relata os últimos dias do Idiota dos Idiotas (que é como Paul McCartney sempre se referiu ao estúpido ser humano que atirou em John Lennon) antes de atirar em John e ser preso.

Aí, eu me pergunto: Pra quê fazer um filme pra falar de um lunático desgraçado? Pra quê dar mais notoriedade a este cara? As pessoas deveriam simplesmente esquecê-lo. Eu faço questão de fazer como Macca e nem citar o nome do infeliz. E ainda tem gente que diz que o filme é uma homenagem ao Lennon...Sei. É realmente uma homenagem maravilhosa mesmo, falar das loucuras do cara que atirou nele.

O que será que essa gente pretende com esse tipo de coisa? Justificar o crime? Dizer "hey, o cara era louco...não fazia conscientemente..."

Foda-se!
Conscientemente ou não, está feito. Um dos maiores gênios da cultura pop foi pro hotel dos pés juntos. E agora?
Pega o desgraçado que atirou, prenda ele e esqueça.

Mas a mídia não consegue simplesmente dizer "O Idiota dos Idiotas matou John Lennon, foi considerado culpado. Ponto final." Não. Tem que fazer estardalhaço...

Pois bem. Eu não quero pactuar com isso. Não vou assistir ao filme pra saber se é bom ou não. Não vou nem citar nome de diretor nem de porra nenhuma.

Simplesmente deixo registrado aqui meu desprezo a este tipo de coisa.

Passarinho, que som é esse?

Uma Tarde na Fruteira - Júpiter Maçã

Ao retomar seu pseudônimo em português, Flávio Basso acaba revisando toda sua obra desde a era TNT/Cascaveletes até sua estréia como Júpiter Maçã, a transformação em Jupiter Apple e toda a mistura de gêneros.

Uma Tarde na Fruteira é o quarto disco da carreira solo de Flávio Basso, sob a alcunha de Júpiter Maçã é o segundo.
O primeiro disco, A Sétima Efervescência (1996), é tido como clássico, um divisor de águas para o rock gaúcho e para um cenário independente, underground, em crescimento na época de seu lançamento.

Três anos depois, após se envolver com cinema e outras viagens, Basso volta como Jupiter Apple e lança seu segundo disco, o belo Plastic Soda. Neste disco Jupiter deixa de lado a euforia psicodélica e o british-rock mod para mergulhar na bossa-nova, mesclando pop francês, jazz e lounge, criando atmosferas viajandonas em cima de uma batida de violão bossa-novista e timbres retrô. E tudo cantado em inglês.

Mais três anos se passam e Jupiter Apple solta Hisscivilization (2002), um disco emblemático. Aqui Jupiter mistura ainda mais suas influências e Hisscivilization vai de Tom Zé a Stereolab. Apesar de todo experimentalismo, o disco agrada e tem momentos geniais.

À partir daí, cada vez mais envolvido com cinema, Jupiter, ainda em 2002, lança seu primeiro curta-metragem, Apartament Jazz, em preto e branco, com cara de Nouvelle Vague, viaja para a Inglaterra e some da música por um tempo, fazendo raros shows.

Em 2005 começa a gravar seu quarto álbum no estúdio de Thomas Dreher, em Porto Alegre. Em março daquele ano, acompanhado de Diego Medina (ex-Vídeo Hits) fui conhecer o Estúdio Dreher e pude ouvir algumas dessas primeiras gravações do que viria a ser o disco Uma Tarde na Fruteira, quarto disco de Júpiter Maçã.

No fim do mesmo ano sai o compacto em vinil pela Monstro discos d'A Marchinha Psicótica de Dr. Soup (A Marchinha Psicótica de Dr. Soup/Mademoiselle Marchand - 2005), que viria a ser o carro-chefe do novo disco.

Em 2006, praticamente o disco inteiro (que era inédito) já vazou e é compartilhado intensamente na internet. E é um discão!

Enquanto os fãs aguardam o lançamento oficial do disco, saí mais um compacto, com a canção Beatle George (Beatle George/Scotch and Coffee at Regent Street - 2006), também em vinil.

Em 2007 crescem os boatos de que Uma Tarde Na Fruteira possa virar o Chinese Democracy tupiniquim. Enquanto isso, Jupiter Apple está na Inglaterra, na companhia de Bibmo, seu affair na época (sim, Bibmo é o nome de uma garota). E de repente, ao visitar um pequeno estúdio em Londres, Jupiter resolve gravar algumas canções, todas em inglês.

Acaba saindo Jupiter Apple & Bibmo presents: Bitter. Ele acaba não sendo considerado o quarto disco de Jupiter por Uma Tarde Na Fruteira já estar praticamente pronto, gravado e etc...mas tecnicamente, por lançamento, sim, este é o quarto disco do homem.

Um disco cru e urgente, onde Jupiter expõe com propriedade suas influências da música pop estrangeira, ao contrário de Uma Tarde na Fruteira, que é um disco bem brasileiro, tropicalista. Em Bitter Jupiter encarna Iggy Pop, Johnny Rotten, Syd Barret, Bob Dylan e Lou Reed sem perder sua própria personalidade.

Ainda em 2007, finalmente Uma Tarde na Fruteira é lançado! Mas por um selo espanhol (Elefant). Ou seja, o disco não saiu aqui no Brasil.

Esta versão do disco funcionou como coletânea para o público espanhol, já que o disco contou com algumas músicas a mais, três do Plastic Soda e três do Hisscivilization.

Somento neste ano de 2008, saiu a versão brasileira do disco. Lançado pela Monstro discos, Uma Tarde Na Fruteira, além de uma bela capa e livreto com um ensaio fotográfico muito bonito (apesar de não ter as letras das músicas e de algumas poses constrangedoras de Júpiter), o disco ainda traz uma canção inédita que não fora incluída na versão do disco que havia disponível na internet e uma produção impecável deixando todas as sonoridades, timbres e efeitos em uma harmonia difícil de perceber nos arquivos em Mp3.
O disco começa com A Marchinha Psicótica de Dr. Soup. Nada mais óbvio e adequado para apresentar a obra do gaúcho. Desde o início você já fica sabendo que segue ao decorrer do disco um mosaíco de imagens mil.

A segunda canção também serve de introdução para o que está por vir, trata-se de Júpiter Maçã Theme, uma colagem de vários momentos da carreira do músico.
Daí em diante, o ouvinte vai se surpreendendo a cada canção. Reconhecendo cada uma das influências, referências...O disco, sem dúvida, prima pela brasilidade, mas sem perder a veia rocker.

Pode-se dizer que Uma Tarde na Fruteira é um disco tropicalista, mas Júpiter vai além da tropicália. Basta ouvir Síndrome do Pânico que tem uma melodia que parece ter saído das sessões do Revolver (disco dos Beatles de 1966), a mística Beatle George e a experimental Viola de Aço.

Júpiter Maçã conseguiu neste disco colar todas as suas influências em composições inspiradas e originais. Uma Tarde Na Fruteira é um disco fundamental. Sem dúvida, na minha modesta opinião, é o melhor disco lançado no ano de 2008.


4 comentários:

Lilly disse...

Júpiter Maçã é bem bacana.
E opa... primeiro comentário aqui então?
(:

Beijo, Paulo.

Lilly disse...

Realmente, Vinícius me lembra você.

Não Comerei da Alface a Verde Pétala
Vinicius de Moraes


Não comerei da alface a verde pétala
Nem da cenoura as hóstias desbotadas
Deixarei as pastagens às manadas
E a quem maior aprouver fazer dieta.

Cajus hei de chupar, mangas-espadas
Talvez pouco elegantes para um poeta
Mas peras e maçãs, deixo-as ao esteta
Que acredita no cromo das saladas.

Não nasci ruminante como os bois
Nem como os coelhos, roedor; nasci
Omnívoro: dêem-me feijão com arroz

E um bife, e um queijo forte, e parati
E eu morrerei feliz, do coração
De ter vivido sem comer em vão.


- ainda bem que ele não se apaixonou por uma vegetariana. (:

Anônimo disse...

É nóix! Mais um blog ocupando espaço na web...

Anônimo disse...

eitalaskera!!!
nem sabia que tu tava de blog novo e é a primeira vez que eu te vejo (leio) com uma puta ira no coração... que isso cara, seja feliz kkkkkk
abraço