domingo, 26 de abril de 2009

Comunicanções

Estamos em um tempo de constantes evoluções. Tudo é muito rápido e absurdamente fadado a ficar obsoleto.
Ano dois mil era futuro a pouco tempo atrás. Agora já é passado morto e enterrado.

Nossos pais e avós presenciaram mudanças fantásticas também.
A televisão mudou completamente o mundo e as comunicações. Diziam que a televisão acabaria com o rádio e etc. Depois, veio o computador, depois a internet...mas isso, a cada pelo menos vinte anos.
Nós em menos de vinte anos vimos o vinil dar lugar ao CD, que deu lugar ao DVD, que provavelmente dará lugar ao blue ray e por aí vai.

O mundo da mídia e das comunicações também sente isso na pele.
O jornal Seattle Post Intelligence recentemente parou de circular como mídia impressa na terra de Kurt Cobain para ser apenas um jornal on-line!
Cada vez mais, publicações preferem ser apenas on-line. Não se gasta papel, distribuição...

Na França, o governo tenta manter seus principais jornais circulando pagando assinaturas para os cidadãos, incentivando-os a manter a rotina de ler jornal tomando café. Atualmente, cada jovem que completa dezoito anos na França ganha de presente uma assinatura do Le Monde.

Olha que loucura!
A famosa cena do pai sentado lendo jornal domingo depois do almoço de domingo, ou tomando café da manhã está morrendo!

Onde isso afeta diretamente o trabalho do jornalista? Afinal, muda a mídia, mas o texto ainda é o mesmo, certo?

Errado.

A internet requer informações rápidas. Não tem blá blá blá.Tu escreve "Avião caiu na costa da Austrália matando 154 pessoas." Aí tu escreve um parágrafo dizendo que horas e de onde o avião saiu, pra onde ia, quantas pessoas tinha lá dentro, quantas morreram e pronto.
Se tu quiser saber mais, tem o famoso "clique aqui" que te leva a um texto maior.
Veja você que, em contra partida, hoje muita gente usa a internet como meio de justamente burlar essa rapidez de informação em textos informais e, às vezes, um pouco mais longos, porém não menos informativos. Jornalistas como Marcelo Tas e o colunista Lúcio Ribeiro mantêm blogs constantemente atualizados com textos deliciosos e cheios de informação.

Às margens da entrada da TV digital, não dá pra gente prever os caminhos da comunicação e do jornalismo. Mas que ainda vem muita mudança por aí, isso com certeza vem.

Cada vez mais tudo no mundo é vendável. Principalmente informação e entretenimento.
E, sabe como é, no nosso peito bate um alvo muito fácil.

Um dos melhores filmes que vi recentemente aborda justamente o lance da tecnologia e manipulação de informação.

Trata-se do excelente Rede de Mentiras, do mestre Ridley Scott, com um cada vez melhor Leonardo DiCaprio e o veterano Russell Crowe.
O filme mostra o mundo da espionagem sem o glamour do James Bond. E deixa claro que não há mocinho e bandido nos jogos de poder.

É um filme eletrizante e tenso. Prende o espectador até o último minuto.
A dupla de protagonistas, DiCaprio e Crowe merecem destaque.

DiCaprio, a cada longa que faz se mostra mais maduro e seguro de si como ator. Em Diamantes de Sangue, ele já tinha me impressionado. Agora, interpretando um agente da CIA no Oriente Médio, sério e honesto, mas sem exagerar no bom-mocismo, ele cresceu ainda mais no meu conceito.
Russell Crowe já é dos meus atores favoritos. Como sempre, dá show de interpretação. Aqui, como superior de DiCaprio na CIA, ele interpreta com maestria um agente poderoso e frio, que não mede esforços para conquistar seus objetivos.

Ainda no mundo da espionagem e tecnologia, assisti o sensacional Queime Depois de Ler.
Sendo filme dos irmãos Coen, de ante-mão já se supõe ser um filme de qualidade.
Mas desta vez os diretores de E Aí, Meu Irmão, Cadê Você se superaram numa comédia sem precedentes, com personagens tão reais quanto qualquer um de nós!

Se analisarmos bem, a película conta uma história de losers que se envolvem numa trama à partir de um CD com as memórias de um ex-agente da CIA que foi demitido por abusar demais da cachaça.

O elenco traz surpreendentes atuações. George Clooney, é um perfeito funcionário público conformado, meio idiota e mulherengo.
John Malkovitch é um bêbado recém-demitido, amargurado com a vida.
Frances McDormand é uma mulher de meia-idade obcecada por cirurgias plásticas.
E o grande destaque fica com Brad Pitt encarnando um instrutor de academia tapado que descobre os arquivos do CD com as memórias do ex-agente da CIA e resolve tirar proveito disso.

O filme é impagável!

O roteiro de Joel e Ethan Coen é maravilhosamente simples e torna os personagens pessoas comuns.
A grande graça do filme é essa. Toda a trama se passa em lugares e de formas como poderia acontecer com qualquer um.
Achar um CD no vestiário de uma academia e etc.
É um filme genial pela simplicidade e veracidade com que foi feito.

Uma coisa puxando a outra, falando em veracidade, eu gostaria também de escrever um pouco sobre música fora da seção "Passarinho, que som é esse?" pelo seguinte motivo.Várias pessoas vieram me falar que se surpreenderam ao ler uma resenha elogiosa da Mallu Magalhães aqui neste blog.

Portanto, eu quero deixar registrada aqui a minha opinião sobre música em geral, mas me baseando no caso da Mallu Magalhães.

É simples.

Tudo se resume aos sentidos. E sentimentos.
Para uma banda me agradar, basta, além de boas melodias, ter uma verdade, um sentimento latente ali. Isso fica perceptível na maneira como a canção é cantada, como cada instrumento é tocado, não necessariamente na parte técnica, mas na energia.

Quando eu ouvi Tchubaruba da Mallu Magalhães pela primeira vez me impressionei. Além de uma melodia saborosa pensei: "Opa...tem um coraçãozinho batendo forte aí."A garota passa na sua voz, na maneira de cantar, uma inocência e uma paixão que tornam as canções atraentes.
Acho que muita gente pegou birra dela por ela estar com o Marcelo Camelo...ou por ela ser tão jovem...sei lá.

Mas o fato é que ela é talentosa sim, faz folk com propriedade e sabe do que está falando e é bem autêntica na maneira de cantar.

Daqui pra frente é torcer pra ela seguir uma carreira sólida e não se acomodar na mesma fórmula.
Mas acredito que ela, tendo como referências Bob Dylan, Joni Mitchell e Johnny Cash, ela só tem a crescer musicalmente.

Agora sim...


Passarinho, que som é esse?


Buganvília - Pénelope


Sim, a injustamente esquecida banda Penélope!

Lembra? É aquela que tocava Holiday ("Espero o dia passar/ Espero o dia passar/ Ai ai ai ai/ Não toque em mim...") e que regravou Namorinho De Portão, do Tom Zé...

Pois bem, em 2001, a banda lançou este que foi seu segundo disco. Um disco que apresenta uma banda amadurecida e coesa! Com um estilo bem definido! Composições melhores que as do primeiro disco (Mi Casa, Su Casa), que também é um disco muito bom, mas meio cru e sem deixar clara a proposta da banda, atirando pra todo lado, musicalmente.

Neste Buganvília, a banda Penélope sentou o pé no pedal de distorção da guitarra e entrou de cabeça nos anos sessenta. Ouça o moog de Filme da Alma, a levadinha de violão e o naipe de metais de Um Quarto Para As Horas e a participação de Wanderléia na jovem-guardista Não Vou Ser Má e tu vai enender do que eu estou falando.

Outro ponto positivo do disco é que a banda deixou de abusar das programações eletrônicas, músicas como Abrigo e Der Mond, do primeiro disco, exageravam nesses recursos e acabavam sendo meio chatas (soando meio como a Bjork). Neste segundo disco, a banda acertou em cheio, dosando em algumas poucas faixas uma ou outra coisa eletrônica de forma atraente como a viajandona Junto Ao Mar.

Mas a banda deixa claro que o negócio ali é com rock n' roll!
Músicas energéticas como Nada Melhor Pra Mim e A Menor Distância Entre Dois Pontos acabam deixando o ouvinte curioso para ver a banda ao vivo!

A combinação de melodias da banda encanta qualquer um! Há quem não goste dos vocais da belíssima Érika Martins, mas pra mim, é uma das melhores vozes femininas que eu já ouvi no rock! A voz doce da namorada do Gabriel Tomáz ( guitarra e voz da banda Autoramas) cai como uma luva nas guitarras distorcidas e melodias doces da banda!
É uma pena que a banda tenha acabado sem ter sido devidamente reconhecida.
Pelo menos deixou este belo disco como registro maior de sua obra. Um disco que foi ignorado pela crítica na época, mas é irretocável.

Recomendado!


Este disco é para quem gosta de:
Power pop, comer brigadeiro, reclamar da TPM, Teenage Fanclub, cor de rosa, chorar em fim de comédia romântica e Skank.



Dá o play, Macaco! - Sob O Tapete - Engenheiros do Hawaii

4 comentários:

el escama disse...

O LP dá lugar ao CD q dá lugar ao MP3 q... vai dar lugar ao LP de novo! Quem viver verá!

Qto a falar mal da Mallu Magalhães, hehehe... eles estão surdos pelos tampões da inveja e do pré-conceito. Ainda bam q a gente sorri ouvindo múisca, Pablo!

Gabi disse...

Bem... A Malu vai, mas uma hora (muito rapidamente) me cansa e eu não sei ainda muito bem o porque, sei lá, apenas não sei o porque, aquela minha mania de achismos sem fundamento... tipo não saber nada de muita coisa ou muita coisa de nada.

Penélepe... som de mininha?!?! Vou ouvir, reclamar da TPM, comer brigadeiro QUENTE e chorar pra caralho... no final das contas estou precisando.

Simplesmente adoro ler o que vc escreve, tenho me sentido meio vazia pra escrever... isso as vezes me anima.

Eduardo Guimarães disse...

Como diria Jack o Estripador, vamos por partes.
Tecnologia é uma coisa fantastica mesmo. Em menos de 15 anos saimos dos celulares tijolões para aparelhos que tocam musica, acessam a net, tiram fotos, tem rádio e (pasmem) também são telefones.
Mas ainda acho que certos meios de comunicação nunca vão morrer.
O rádio por exemplo. Para um reporter escrever uma materia online, ele precisa de um computador e acesso a rede. Já para o rádio é necessário apenas um orelhão (não sei se vocês se lembram deles, mas são telefones que existem nas esquinas, que funcionam com fichas... digo, cartões). Nada mais pratico e simples.
Por isso acho que o rádio ainda vai enterrar a net, o impresso e a TV.
Agora, Mallu Magalhães.
Minha opinião quanto a ela, continua a mesma. Não gostei. Acho que ela tem um puta potencial para fazer uma coisa melhor. Mas o que ela faz hoje ainda não me agradou.
Penelope. Puta CD do caralho. Por sinal, eu tenho esse CD no meu computador, que eu copiei de um babaca que ficou me enchendo o saco, falando que esse som era legal. E era mesmo.

Amanda Gaspar disse...

meu Glen hansard é foda.
e once mais ainda neh.
heheheeheh
meu muito bom ver vc tocar!
queria ter me despedido mas num deu.
amei o som
beijoss