ATENÇÃO
Este é um post diferente do formato que você está acostumado a ler.
Não terá resenha de filme e nem a seção "Passarinho, que som é esse?"
Não terá resenha de filme e nem a seção "Passarinho, que som é esse?"
Como descrever algo que pareceu um sonho?
Algo que na realidade, sempre foi um sonho distante.
Em outubro se confirmaram os boatos.
Paul McCartney passaria pelo Brasil em novembro.
A venda de ingressos, um caso á parte. A princípio disponíveis somente para clientes do banco Bradesco com cartão de crédito.
Foi onde entraram em ação os amigos. Nos organizamos de forma que ninguém ficasse de fora e garantisse seu ingresso logo na pré-venda.
Nos primeiros minutos do dia 15 de outubro todos os meus sentidos estavam voltados para meu computador. A tensão era enorme. Quando a Patrícia me enviou a mensagem de confirmação um alívio incrível e um frio na espinha percorreu meu corpo.
Paul McCartney passaria pela América Latina em novembro com sua turnê Up and Coming nas cidades de Porto Alegre no dia 07 de novembro, Buenos Aires nos dias 10 e 11 e São Paulo nos dias 21 22.
E meu ingresso para o show do dia 21 de novembro em São Paulo, no estádio do Morumbi, estava garantido.
Pista prime. Na cara do gol!
O espaço de tempo entre o dia 15 de outubro e o dia 20 de novembro pareceu mais longo do que realmente é.
Mas chegou. No sábado, dia 20, peguei a estrada para São Paulo cercado de bons amigos.
A viagem, como se esperava foi divertidíssima. Fomos em dois carros, sendo que tínhamos um par de walk-talkies, por onde os dois carros se comunicavam.
Em São Paulo, no sábado de noite, reunimos toda a turma, de Marília e de São Paulo, num boteco para combinar os detalhes do dia seguinte. E poucas vezes rimos e nos divertimos tanto quanto naquela noite.
E o domingo despontou com sol, contrariando as previsões de chuva. Após um almoço um pouco conturbado num shopping abarrotado de gente nas proximidades do estádio do Morumbi, seguimos, devidamente uniformizados com as camisetas criadas e desenvolvidas por Patrícia, Bruno e Gabriela, para nosso destino: intermináveis filas debaixo do sol.
A única decepção deste show foi a organização na parte de fora do estádio.
Filas bagunçadas se perdiam pela calçada do Morumbi. Os organizadores do evento estavam mais perdidos que o próprio público.
Mas no fim, separamos a turma da pista comum e da pista prime e, cada um pro seu lado, acabou encontrando seu lugar ao sol (e que sol).
Um evento desta magnitude proporciona a oportunidade de se ter contato com gente de todas as regiões do país, e de várias gerações.
Na fila, conversei com um rapaz de Belo Horizonte, uma garota de Recife, outra de Piracicaba e uma senhora de Campo Grande que viera com o marido e filhos.
Com pouco atraso os portões foram abertos por volta de cinco e quarenta e cinco para a entrada do público.
Uma vez lá dentro, vendo aquele palco enorme um aperto no peito é inevitável.
A espera é longa. São três horas e meia que parecem ser seis.
Mas houveram momentos divertidos. Encontramos um casal de meia-idade muito simpático que veria o Macca pela segunda vez. Conversamos e rimos muito.
Mas ás nove da noite em ponto os telões se acendem e começam a passar imagens, recortes, textos e fotos retratando a carreira de McCartney, enquanto sucessos remixados do cantor são tocados. É o começo de tudo.
Pontualmente nove e meia da noite Paul McCartney entra no palco e acena sorridente a um público que cantarola em uníssono "we love you yeah yeah yeah".
A banda ataca a sequência Venus and Mars/Rock Show/Jet. Abraços, lágrimas e gritos por todos os lados. Começava ali uma experiência única para cada uma das 64 mil pessoas ali presentes.
No empurra-empurra eu já não via mais ninguém da turma que estava comigo.
E não estava ligando a mínima para isso.
O show começou energético. Após a sequência de abertura, McCartney esbanjou simpatia falando em português. "Boa noite, paulistas! Boa noite, Brasil!" o público delirou com a saudação. O ex-beatle ainda emendou com bom humor: "Esta noite vou falar um pouco em português. Mas vou falar mais em inglês.".
Na sequência vem All My Loving, clássico do início dos Beatles. Ainda viriam outras canções do tempos dos Beatles como Drive My Car e I've Just Seen a Face.
A magia emanava do palco e contagiava o público. Em The Long and Winding Road era raro ver um rosto sem lágrimas.
Até mesmo as falas ensaiadas e repetidas em shows anteriores emocionavam. Antes de executar My Love, todos já sabiam que Paul Diria "Essa música eu escrevi para a minha gatinha Linda. Mas esta noite ela é para todos os namorados.". Antes de terminar a frase o público já vibrava. E mais e mais lágrimas.
Outra marca das apresentações de McCartney são as homenagens aos dois beatles já falecidos, John Lennon e George Harrison.
Para Lennon, Paul toca emocionado, sozinho no palco a canção Here Today, escrita em homenagem a John Lennon em 1982.
Mas é quando se refere a George Harrison que McCartney eleva a níveis estratosféricos as emoções do público. Paul toca Something, canção escrita por Harrison, inicialmente sozinho com um ukelele (instrumento havaiano que George gostava muito). Mas quando a música chega no momento do solo de guitarra, as luzes do palco se acendem e a banda entra junto.
Enquanto o belíssimo solo de guitarra é tocado, fotos de Harrison passam no enorme telão. E o público mais uma vez explode em choro.
Outro momento sublime durante a apresentação do músico partiu do público. Sabendo que Paul costuma tocar A Day in The Life e emendar Give Peace a Chance (canção de John Lennon), pela internet, os fãs combinaram, através de sites de relacionamento, levar centenas de bexigas brancas para serem lançadas ao ar quando fossem tocadas essas canções. McCartney ficou visivelmente tocado com a cena.
E muito mais ainda viria. A pirotecnia de Live and Let Die, a contagiante Band On The Run e mais standards dos Beatles como Ob-La-Di Ob-La-Da, Back In The USSR, Paperback Writer e Hey Jude.
Em especial I've Got A Felling me enlouqueceu, já que desde sempre está entre minhas favoritas, não só dos Beatles, mas de todo o universo do rock n' roll.
O músico ainda saiu e voltou duas vezes para o bis. Na primeira vez, tocou Day Tripper, Lady Madonna e Get Back. No segundo e final tocou a famosa Yesterday, Helter Skelter e finalizou como costuma fazer há tempos, tocando Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (Reprise) e The End.
Um final para derrubar até mesmo o mais gelado dos corações humanos.
A belíssima melodia, e a letra...e ao fundo um sol nascente no telão...
E dá-lhe nó na garganta e mais lágrimas.
Detalhe que Macca, no final de tudo, quando se despedia do público, foi dar uma de suas corridinhas no palco e tropeçou levando um tombaço. Tudo mostrado pelos dois enormes telões ao lado do palco.
Mas, como sempre, ele mostrou senso de humor, sorriu, acenou pro público e foi embora.
Paul McCartney justifica sua mítica imagem e reputação de maior ícone da cultura pop vivo.
São praticamente três horas de show, 36 canções tocadas e McCartney, com seus 68 anos de idade, parece incansável, sempre sorridente e amável com seu público.
Mesmo com uma banda competentíssima e vigorosa ao seu lado, McCartney tem uma presença de palco magnética, tendo domínio completo do público, que só tem olhos para ele.
Assistir um show de Paul McCartney é mais que simplesmente presenciar um grande show de rock. É uma experiência de vida que transcende a música. Algumas das poucas palavras que consigo encontrar para descrever o que foi estar diante daquele palco são magia, amor e harmonia.
Claro. A viagem de volta foi igualmente divertida, apesar de um pouco tensa no final.
Faço questão de agradecer aqui de todo coração aos melhores amigos que se pode ter e que compartilharam todas essas emoções lá comigo.
Antonio Paulo
Bia
Bruno
Fernando
Gabi
Ian
Julia
Mírian
Nicolau
Patrícia
Samira
Victor
Zé
Também faço questão de agradecer a ele: Sir Paul McCartney!
Por ter passado por aqui e nos dar a oportunidade de presenciar este que, certamente, foi e será o mais importante evento da minha vida.
4 comentários:
Assino em baixo. Experiência totalmente sinestésica, inesquecível.
I've Got a Felling foi um dos baitas socos no estômago. Principalmente na parte em que entra a voz do John, a imagem dele no apple rooftop me vinha a cabeça e eu chorava muito...aiai! rsrs
Obrigada a você também, Paulo e as equipes porpeta e buceta que nos fizeram chegar lá. rs
Só amor! beijo!
reitero:love, love, love... Nunca vi show tão passional.
foi inesquecivel!
Puta vida, cara! Vc esteve lá!!! Inesquecível!!! The Beatles, o velho Macca... E vi na tv. Gostaria de poder ter ido. Gostei do seu texto, suas opiniões!
Quanto ao tombo do Macca, é aquilo que saiu na imprensa: se fôsse no Pacaembu, teriam dado pênalti...
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