terça-feira, 2 de novembro de 2010

A vida imita a arte, ou a arte imita a vida?

Você já imaginou sua vida sendo um filme?
Eu imagino o tempo todo. Em vários momentos gostaria de matar o roteirista, inclusive.
É bacana isso. É um exercício de imaginação. Tu vai vivendo as coisas e imaginando a trilha sonora, ou cenas alternativas...

Qualquer vida pode dar um excelente filme. Basta ver a beleza das coisas e saber mostrá-las de forma atraente.
No filme Antes do Amanhecer, Jesse, o personagem de Ethan Hawke fala sobre a idéia de fazer um programa de tv retratando a rotina de vida de uma pessoa e tal...ele diz uma frase interessante: "Porque um cachorro dormindo ao sol é uma imagem tão bonita e a de um homem sacando dinheiro no caixa eletrônico não é?"

Outro filme que retrata muito bem essa coisa do "homem comum" é O Anti-Herói Americano, baseado nos quadrinhos American Splendor de Harvey Pekar e Robert Crumb.

Mas me dispus a vir escrever hoje, ainda com o braço direito engessado, porque acabei de ver pela segunda vez Piaf - Um Hino Ao Amor.
Um filme esplendoroso, emocionante e com uma atuação absurdamente magnífica.

Edith Piaf foi dessas artistas emblemáticas, com uma vida repleta de fatos corriqueiros misturados com acontecimentos impressionantes.

Tudo no filme impressiona.
A fotografia marcante que retrata palcos luxuosos por onde a cantora passou e também uma Paris esfarrapada de cabarés de terceira.
A montagem também é ganial e envolvente, indo e vindo mostrando Piaf já crescida vivendo uma carreira ascendente e sua saúde se deteriorando com cortes mostrando sua infância e seus últimos dias.

Mas o que faz desse filme uma obra de arte é a direção cuidadosa e o roteiro tocante de Oliver Dahan e, principalmente, a atuação impecável de Marion Cotillard.
Poucas vezes se viu no cinema tamanha entrega a um personagem. As mudanças da personagem ao longo da vida são perfeitas, ainda mais porque Piaf tinha uma saúde muito frágil.

Não à toa Cotillard levou o Oscar com este filme.
Sua transformação em Piaf é impressionante.

É um filme fundamental para qualquer um que ame cinema e música (não necessariamente nessa ordem).


Passarinho, que som é esse?


Above - Mad Season


Os anos noventa foram marcados pela invesão das camisas de flanela xadrez e cabelos compridos oriundos de Seattle.
O grunge assolou o mundo pop capitaneado por Kurt Cobain, Eddie Vedder e Layne Stanley.

E é interessante notar é que esse pessoal de Seattle era realmente amigo. Não vou ficar aqui contando a história toda da cena musical de Seattle no fim dos anos oitenta, começo dos noventa, mas nota-se que várias bandas tinham integrantes em comum, um saiu de uma banda e entrou em outra e por aí vai.

Em 1994 o guitarrista Mike McReady aproveitou a entre-safra de gravações do Pearl Jam para ir para uma clínica de reabilitação tratar de seus vícios. Lá conheceu o baixista de blues John Baker Saunders. Os dois se entenderam bem e resolveram tocar juntos. Voltaram para Seattle e se juntaram ao baterista do Screaming Trees Barrett Martin e o vocalista do Alice In Chains Layne Stanley.
Após algumas jams, já tinham material suficiente para um disco.
E que disco!

Em 1995 saiu Above. O disco foi celebrado pela mídia e a banda era tida como supergrupo do grunge, por conta de seus integrantes tocarem nas principais bandas do movimento.

Mas vamos ao disco.

De fato o disco é soberbo.
Não tem muito a ver com o o Alice In Chains ou o Pearl Jam. Acaba se assemelhando mais ao Screaming Trees por não ser tão pesado e ter um pé fincado no blues.

Above traz os quatro músicos dando seu melhor. Principalmente McReady, que mostra ser um guitarrista com um feeling extraordinário e muita criatividade.

O álbum tem músicas contemplativas e experimentais como a faixa de abertura Wake Up e a bonita All Alone.
A música que ficou mais famosa desse disco é a bela River Of Deceit, uma balada envolvente.
De resto o disco emana o grunge por assim dizer.
Lifeless Dead e I Don't Know Anything são as mais pesadas, remetendo mais ao Alice In Chains.
A faixa-título, Above, e a experimental Long Gone Day tem a participação de Mark Lanegan, vocalista do Screaming Trees, no vocal. Lanegan e Stanley dividindo o vocal é surpreendente.

Em resumo, é um disco impecável. Mistura de forma saborosa blues e hard rock. Tem guitarras saturadas, melodias brilhantes e performances sensacionais.

É um disco indispensável para quem gosta de rock n' roll.


Esse disco é para quem gosta de: Jeans rasgados, Alice In Chains, cabelo comprido ensebado, Beavis & Butt-Head, Pearl Jam, drogas sintéticas, quadrinhos do Robert Crumb e café.

Aperta o play, Macaco: Tomorrow - Silverchair

3 comentários:

Bia disse...

Piaf é um filme maravilhoso. Lembro que depois de assistí-lo, enquanto digeria o filme, fiquei com uma sensação pesada, um nó na garganta mesmo. Um "puta que pariu"...
E Mad Season também é um "puta que pariu". Quando lí alí "Pra quem gosta de: ...Beavis and Butthead", hahaha, foda. Já me peguei várias vezes sentada, fazendo nada, só ouvindo Alice in Chains, Mad Season, Screaming Trees...
Beijo, Paulo.

Anônimo disse...

Thanks :)
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lidia. disse...

Muito bom sentir minha opinião sobre Mad Season e toda essa parceria do grunge, compartilhada e expressada em um texto tão bem escrito. Concordo que Above é um disco indispensável, eu diria até, para qualquer pessoa que tenha o mínimo interesse por música em geral!

Parabéns pelo blog, gostei bastante! Já sei onde vir para pesquisar informações seguras sobre música e filmes!

(A propósito, já ouviu uma parceria do Mark Lanegan com a Isobel Campbell? Interessante também :D)