Sempre pego um filme pra falar sobre que corresponda com o que eu ando sentindo, vivendo...enfim, um filme que fale um pouco sobre o momento que estou vivendo e tenho vontade de dividir isso, expresar de alguma forma.
E o fato é que eu fiquei muito na dúvida sobre a escolha do filme de hoje.
Até porque estou numa das fases mais complicadas que já vivi.
Recentemente eu me dei conta que tenho uma porção de grandes amigos. Realmente bons amigos.
E mesmo eu sabendo disso, sempre mantive certa distância.
A palavra é cumplicidade.
É algo difícil de arrancar de mim. Eu sou muito bom para ouvir as pessoas, para, às vezes, até dar uns conselhos tortos...mas quando é minha vez de falar, fico na defensiva. Ou sou muito evasivo, ou faço piada...
E, de repente, me deparo com um momento em que eu precisava ter essa cumplicidade.
Eu sei com quem eu posso ou não posso contar.
Mas não consigo sair do casulo e realmente conversar sobree mim mesmo.
Por um momento, cogitei hoje falar sobre o The Wall, do Alan Parker, mas achei óbvio e meio forçar a barra...
E o filme que eu acabei escolhendo é uma obra prima de um diretor pouco valorizado.
Quase Famosos (Almost Famous) do Cameron Crowe é um filmaço porque ele fala de amizade e cumplicidade acima de tudo.
Toda a história de a banda Stillwater ser o Led Zeppelin ou quem quer que seja é só uma curiosidade. A coisa toda do rock n' roll life style, banda na estrada e tal é só pano de fundo para mostrar a história de amizade e cumplicidade entre o garoto Willian Miller e a encantadora Penny Lane.
Ok, vamos situar a coisa toda.
Almost Famous conta a história de Willian Miller, garoto precoce que começa a escrever críticas de discos para zines e revistas locais e acaba sendo contratado pela revista Rolling Stone para acompanhar uma banda em ascenção numa turnê. Entre seus ídolos do rock ele conhece Penny Lane, uma misteriosa garota que se diz "ajudante da banda" e não uma reles groupie.
E o filme gira em torno desse mundo. Um garoto crescendo entre rock stars de egos inflados, garotas complicadas e uma mãe super-protetora.
Vamos aos créditos.
Quem, de cara, rouba a cena é, como sempre, Philip Seymour Hoffman, interpretando o mítico Lester Bangs. Hoffman dá um banho de atuação encarnando este personagem pitoresco da história do rock, um crítico mal-humorado e muito ácido.
Billy Crudup também se destaca como Russel Hammond, um guitarrista talentoso e egocêntrico.
Mas a grande surpresa do filme é Kate Hudson no papel de Penny Lane. Ela está irresistível! Além de lindíssima, ela consegue passar muita emoção em diferentes momentos.
Por fim, temos o bom gosto e sensibilidade de Cameron Crowe na direção.
Não à toa este filme é um grande marco em sua filmografia, já que o filme é baseado na história dele mesmo. Ele começou garoto a escrever resenhas para revistas de rock e acabou escrevendo para a Rolling Stone por muito tempo antes de virar cineasta.
Assim sendo, já dá pra sacar que a trilha sonora do filme é espetacular. Em alguns momentos a fotografia enche os olhos e a montagem é irretocável!
Há dois momentos no filme que ilustram bem o que eu dizia acima sobre cumplicidade e amizade.
Primeiro é na cena em que Willian conta a Penny Lane que ela foi disputada num jogo de pôquer entre duas bandas...ela tentando esconder as lágrimas é tocante.
E a melhor cena de todas (para mim, uma das melhores cenas que eu já vi na história do cinema) é quando, após uma treta feia da banda, estão todos no ônibus. Está tocando Tiny Dancer do Elton John, Willian diz para Penny Lane que ele precisa ir para casa.
Ela olha para ele com um olhar tão doce e encantador, diz "você está em casa." e encosta a cabeça no ombro dele.
E isso, meu amigo e minha amiga, isso é cumplicidade.
Passarinho, que som é esse?
Feels Like Home - Norah Jones
Norah Jones fez muito sucesso em 2002 com seu disco de estréia Come With Me, um disco de jazz basicamente, com boas melodias e um hit certeiro em trilha sonora de novela da Globo inclusive.
E, em 2004, o esperado segundo disco chegou surpreendendo todo mundo.
Em Feels Like Home, a cantora abraçou o country, folk e bluegrass de forma irresistível!
As baladas cheias de acordes jazzísticos, deram lugar à simplicidade do country.
E ela acertou em cheio.
Num gênero onde é muito fácil cair no senso comum, Norah Jones esbanja qualidades tanto como instrumentista e cantora e também como compositora, já que ela escreve boa parte do material do álbum.
Em algumas canções ainda ouvimos ecos da formação jazzista de Jones, como no solo de piano elétrico da canção In The Morning. Mas ainda assim, a carga blues é mais forte.
O disco é todo saboroso.
Tem arranjos na medida certa, nem muito minimalista, nem muito cheio de firulas. Os timbres são excelentes, principalmente de baixo e violão, tudo valorizando a voz doce da cantora.
É tudo macio, para você ouvir e se sentir bem, como deve ser um bom disco de country ou bluegrass.
Destaco a linda The Long Way Home com aquela levadinha country sensacional, a animada Greepin' In também não fica atrás no quesito country.
Quando se trata de baladas, Jones também faz bonito e traz a belíssima Humble Me e a emocionante Those Sweet Words. Para ouvir apaixonado.
Mas o disco todo passeia por este contexto.
Arranjos de bom gosto, boas composições, interpretações saborosas...
É tudo que você precisa!
Vai lá ouvir.
Este disco é para quem gosta de:
Ir ao cinema sozinho, namorar no sofá, capuccino, Willie Nelson, caminhonete velha, passear no campo, Joni Mitchell, Jack Daniels, tempo frio.
Aperta o play, Macaco! - Acabou Chorare - Novos Baianos
2 comentários:
É tudo verdade...
Vc já me ouviu... me deu ombro... me deu um empurrão... E numa hora que podia ter me mandado à merda!
Hj, falei no facebook, dos presente maravilhosos que eu ganhei... Os mais importantes... Andam por Marília e não saem do meu coração!
Beijo beijo
Do cacete seu blog...
To seguindo
Se liga no meu, acho que vai curtir
http://artediorama.blogspot.com/
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