terça-feira, 31 de maio de 2011

Deve haver alguma coisa que ainda te emocione.

Sempre há alguma coisa.

No meu caso, há diversas.
Estou lendo o mais recente livor do Humberto Gessinger, Mapas Do Acaso - 45 Variaçõews Sobre Um Mesmo Tema.
A linguagem de Gessinger é muito atraente. O livro é delicioso de se ler e muito fácil de rolar uma identificação. Não que tu vá concordar com tudo que ele fala, masrola muito um ímpeto de interromper a narrativa para dar sua opinião, como se aquilo fosse um diálogo, de fato.

É a velha história de tu fazer uma coisa com coração, com alma. Não ter como objetivo principal dinheiro, ou reconhecimento, mas única e simplesmente satisfação pessoal.

Consumir obras feitas à partir deste princípio é muito prazeroso. Como o livro do Humberto Gessinger, ou assistir ao Paul McCartney no palco, ouvir um disco do Rogério Skylab ou ver um filme do Cameron Crowe

Mas uma boa maneira de você visualizar o que eu estou tentando dizer aqui é assistindo ao excelente filme The Boat That Rocked (Os Piratas do Rock aqui no Brasil).

Lançado em 2009, este longa britânico conta a história das rádios piratas que despejavam rock n' roll e pop music aos ouvidos dos jovens britânicos cansados de música erudita e muita blá blá blá da BBC e demais rádios comerciais do Reino Unido.
Eram chamadas rádios piratas porque eram instaladas em velhos navios que ficavam ancorados nos gelados mares do norte da Inglaterra a uma distância considerável da costa, longe das autoridades.

É em torno deste mundo que o roteiro do filme é ambientado, misturando realidade e ficção.

Um time de locutores que se revezam dia e noite na Radio Rock recebem a visita de Carl, enteado de Quentin, dono da rádio. Ali, entre sexo, disputa de egos e muito, mas muito mesmo, rock n' roll, Carl vai tentar descobrir quem é seu verdadeiro pai.

O humor britânico ácido e irônico dá o tom do filme que não tem medo de ser politicamente incorreto e nem foge de clichês. Tudo na medida certa.
Ponto pra eles.

A explicação está no nome de Richard Curtis, que escreveu e dirigiu o longa.
Curtis é um roteirista brilhante! Escreveu Quatro Casamentos e Um Funeral, O Diário de Bridget Jones, Simplesmente Amor e boa parte dos episódios de TV do personagem Mr. Bean.

Encabeçando o elenco está um dos melhores atores da atualidade, Phillip Seymour Hoffman, que está impecável como The Count, um locutor apaixonado por rock n' roll.
O filme ainda tem os engraçadíssimos Bill Nighy e Nick Frost, além de um atores não tão conhecidos, mas muito competentes.

Não preciso dizer que a trilha sonora do filme é matadora, uma coletânea do que melhor se produziu em termos de pop music até 1967.

Esse é o tipo de filme que é complicadíssimo de se falar sobre.
O filme é tão encantador e engraçado. Tão inspirador, tão divertido...que não dá pra ficar só no básico. Há a necessidade de citar cada personagem, cada cena mais marcante, cada canção maravilhosa da trilha sonora e assim por diante.
O que resultaria num texto enorme que ninguém aguentaria ler.

Portanto, em resumo, posso dizer o seguinte:

The Boat That Rocked é um filme brilhante, inspirador e muito engraçado.
Tem interpretações magníficas de atores como Phillpi Seymour Hoffman e Nick Frost.
Foi escrito e dirigido pelo talentoso Richard Curtis que escreveu Quantro Csamentos e Um Funeral.
Tem uma trilha sonora arrasadora.
É um filme que fala sobre amor às causas perdidas, sobre acreditar no que te faz feliz...e também sobre sexo, drogas e rock n' roll, porque ninguém é de ferro.

Se depois de ler isso você não se interessar pelo filme, sinceramente, não sei o que você está fazendo aqui lendo este blog.
É melhor você ir voltar a assistir Gilmore Girls.


Passarinho, que som é esse?


The Meat Puppets - Live In Montana

Todo mundo já ouviu falar dos Meat Puppets por causa de sua participação no memorável acústico do Nirvana pela MTV.
Mas os Puppets vão muito além de Plateau, Oh Me e Lake Of Fire.

Na ativa desde 1980 a banda encabeçada pelos irmãos Chris e Curt Kirkwood mistura de forma inimaginável hard rock, punk, country e folk.
Tenho certeza de que possivelmente o melhor disco para se apresentar a banda seria seu segundo álbum, Meat Puppets II, lançado em 1984.
Mas este Live In Montana, gravado e lançado em 1999, é tão apaixonante quanto esquisito.
É tão inconsequente quanto impressionante. É tão maluco quanto divertido.

O disco é muito bem gravado.
Fica evidente que a banda é muito competente. Apenas quem tem domínio completo de seu instrumento pode subverter as regras da técnica e teoria musical e apresentar um resultado interessante, que fica no limiar entre o agressivo e o surpreendente.
Da mesma maneira, os duetos de vocal de Chris e Curt são divertidíssimos. Neste ponto é interessante que o ouvinte tenha algum conhecimento da obra da banda em estúdio para saber que os caras sabem cantar bem quando querem. O que torna o disco ainda mais divertido de se ouvir.

O repertório também é de primeira linha.
Resgata as grandes canções da carreira da banda até aquele ano, incluindo Lake Of Fire e Plateau, além de medleys muito bacanas com covers de Roy Orbison e Black Sabbath.

Admito que não é um disco de fácil audição para não-iniciados no mundo mais freak/noise da música pop. Mas vale a pena correr o risco e dar uma conferida.

É um disco perfeito para matar o tédio.
Também deve ser muito divertido ouví-lo chapado. (não tentem isso em casa, crianças).


Esse disco é para quem gosta de:
Ficar dias sem tomar banho, tocar guitarra, whisky barato, fumar (independente do que for), Neil Young, jeans rasgados, dirigir sem destino, Guru Guru, drogas, pedir dinheiro emprestado para mais uma cerveja.

Aperta o play, Macaco! -
The Story Of Bo Diddley - The Animals

2 comentários:

Fernanda Balhes disse...

Uau Paulo! Assisti esse filme esta semana... A trilha sonora eh mesmo muito maneira. Vou baixar o disco, me identifiquei em algumas coisas do 'esse disco eh pra quem gosta de:' hhahaha beijo.

Bia disse...

Agora que eu assisti, eu falo. rs
O filme é bastante contagiante e a trilha sonora, muito, muito boa, completa perfeitamente as cenas, o clima. Bem como as cores, chamativas nas cenas roquenrou e acinzentadas quando se tratava da oposição.
Gostei também do fato de o roteiro ter colocado a trupe toda como a protagonista. Ou melhor, o amor por música, né.
Tem quase 2h e, puf, nem doeu! rs
O filme me surpreendeu. Obrigada pela dica, Paulo.

bj