segunda-feira, 16 de julho de 2012

Coisa de homem.


Todos os homens concordam que nada supera a complexidade feminina. Diz não querendo dizer sim, diz que está tudo bem quando na verdade ela está triste ou com raiva...e a lista segue longa.

Mas se analisarmos bem, na visão feminina, os homens podem ser também muito confusos e contraditórios. Mas nós, homens, temos uma lógica própria e, talvez, vejamos o mundo de outra maneira.

Como sempre, nada melhor que o cinema para nos mostrar essas diferenças. Ainda me lembro com carinho do enorme impacto que me causou o filme Sex And The City, me fazendo entender um pouquinho melhor o universo feminino.

Semana passada me senti do outro lado tendo ido ao cinema assistir E aí, Comeu? novo filme estrelado por Bruno Mazzeo com roteiro de Marcelo Rubens Paiva.




















O filme aborda o universo masculino da ótica mais óbvia: a mesa do bar.
Ali conta-se a história de três homens, cada um numa diferente situação amorosa, com empregos e dilemas distintos. E tudo se resolve entre um chopp e outro com intervenções do, sempre sábio, garçom.

Apesar de encharcado em clichês, o filme funciona bem. É divertido, com um ritmo permeado por altos e baixos, mas que não chega a cansar, uma fotografia, vez por outra, inspirada e boas atuações de Marcos Palmeira, Bruno Mazzeo, Juliana Schalch e Seu Jorge (que interpreta ele mesmo numa versão garçom).

O roteiro é o ponto forte. O texto de Marcelo Rubens Paiva é intenso e dá profundidade aos personagens (coisa rara nas comédias nacionais). Os diálogos são muito bons e as histórias de cada personagem são contadas de maneira divertida.

O diretor Felipe Joffily se sai bem mantendo o filme com o frescor que a comédia pede, mas deixa no ar alguns pontos para o espectador pensar a respeito quando sai da sala de cinema.

Pessoalmente, eu saí questionando muito essa visão do homem, essa coisa da mesa de bar, falando de mulher...Acho engraçado isso porque é uma realidade que eu não vejo muito. Nem sempre eu me sento com os amigos no bar para falar de mulher, o que se passa no meu relacionamento e etc. Talvez isso seja coisa minha e dos meus amigos, que preferimos falar de cinema, música e fazer piada de nossas próprias vidas ao invés de falar sobre o quê cada um faz embaixo do lençol com a namorada.

Talvez ainda isso seja uma parada mais regional. O filme tem muito do carioca, o que, às vezes, me incomoda um pouco porque dificulta minha identificação com os personagens.

Mas acho que vale muito a pena assistir a este filme. Pelo entretenimento e pela análise deste ser tão esquisito que é o homem, que valoriza a amizade, que precisa do amor de uma mulher, que se diverte com besteiras, que se questiona, se põe a prova...e que se esforça tanto para entender e fazer a mulher que ama feliz.

A conclusão do filme eu achei genial (apesar do mega clichê). Prestem atenção na fala final do personagem do Marcos Palmeira.

E aí, Comeu? pode muito bem ser encarado como o Sex And The City versão masculina.
Assim como o filme da série americana, este longa nacional não chega perto de solucionar grandes mistérios. Mas tem seu valor por jogar luz num assunto tão pouco analisado de forma leve e divertida.


Recomendado!


Passarinho, que som é esse?


Eu Quero É Botar Meu Bloco Na Rua - Sérgio Sampaio

Sérgio Sampaio é desses nomes emblemáticos da MPB que é desconhecido, porém venerado, com uma carreira permeada de histórias interessantíssimas e músicas geniais.

Após participar da maluquice sonora de Raul Seixas, a Sociedade da Grã-Ordem Kavernista, o desconhecido Sérgio Sampaio lança em 1973 seu primeiro disco, Eu Quero É Botar Meu Bloco Na Rua, com produção asinada por Raul Seixas. O disco foi fracasso de vendas apesar de a faixa-título ter tido certa notoriedade. Mas a crítica foi só elogios e a história fez deste disco referência para gerações seguintes.

Sampaio era um compositor de mão cheia. Ia do pop/brega que reinava nos anos 70 no Brasil até o samba e rock/folk. Exímio violonista, também era um letrista genial e muito sensível.

Os arranjos do disco surpreendem pela simplicidade e criatividade. Linhas de baixo envolventes, violões e ocasionais guitarras na medida, eventuais naipes de metal e cordas dão um upgrade em algumas canções, tudo numa sonoridade mais crua, deixando transparecer a intensidade e urgência das canções.

Destaque para a deliciosa Filme de Terror, Cala Boca, Zebedeu, Odete e Leros e Boleros.
Mas todo o disco é incrível. Pobre Meu Pai e Eu Sou Aquele Que Disse são emocionantes, Labirintos Negros é perturbadora, Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua é épica!

Bah! Que baita disco!
Corre e vai ouvir agora!

Este disco é para quem gosta de:
Ser do contra, ouvir vinil, roupas velhas e confortáveis, Belchior, ler Kafka no ônibus, Raul Seixas, humor negro, cerveja ao entardecer.


Aperta o play, Macaco! - O Exibicionista - Os Squematozoid


Nenhum comentário: