Antes de vir escrever, acabei lendo quase todo o arquivo deste blog, pois já faz um bom tempo que não venho escrever...
Achei muito bacana ver como a música e o cinema moldaram e vem moldando minha vida, meu caráter. Claro que percebo este reflexo não de forma explícita e direta. Mas é nas pequenas coisas.
Cada filme que eu assisto e me identifico, a cada disco que me emociona...essas obras se tornam parte de mim, da minha existência.
O que nos leva ao filme de hoje.
Tenho uma admiração gigantesca pelo Cameron Crowe. Acredito que ele seja um dos grandes nomes do cinema na atualidade, por ele não ter medo de se reinventar, ser sempre autoral e muito pessoal em suas obras.
Além disso tudo, tem uma história muito rica com a música pop e o rock n' roll, tendo sido jornalista de revistas especializadas em música por alguns anos (assista Quase Famosos).
Por isso, ninguém melhor que Crowe para levar às telas de cinema a história dos vinte anos da banda americana Pearl Jam.
Pearl Jam Twenty é um documentário escrito e dirigido por Cameron Crowe que conta toda a trajetória desta banda de Seattle que ajudou a revolucionar o rock no início dos anos 90.
Falando do filme em si primeiro.
É capaz de agradar a todos os públicos. Quem é fã-nático pelo Pearl Jam e quem nunca ouviu falar da banda. Quem curte música e quem não se interessa pelo assunto...todo mundo vai acabar gostando.
Isso porque a abordagem apaixonada de Crowe vai fundo em cada personagem, vai além da música e discute amizade, drogas, convivência, sociedade. Mescla imagens raras da banda com belas tomadas da cidade de Seattle, depoimentos, entrevistas para programas de TV...tudo numa montagem cuidadosa, com um ritmo instigante.
Mas é claro que muito dessa qualidade deve-se a trajetória em si e personalidade de cada integrante da banda.
Neste quesito, o admirador da banda leva vantagem ao assistir a obra.
Dificlmente encontraremos no mundo da música pop uma banda com tamanha integridade, amor pela música e respeito aos seus fãs.
Quem já conhecia as várias histórias do Pearl Jam e sua postura com relação à imprensa ou sua briga com a Ticketmaster por ingressos mais baratos para seus shows, acaba entendendo melhor de onde vem tudo isso.
O documentário retrata a Seattle do fim dos anos oitenta, a ebulição de bandas geniais que foram o embrião do grunge que explodiu em 1991 com Nevermind do Nirvana e Ten do Pearl Jam.
O espectador acaba de assistir ao longa com um sentimento de gratidão e respeito pela banda. Dá vontade de sair correndo e ligar para os amigos e montar uma banda, só para se divertir fazendo música.
Na verdade, essa é a grande mágica do cinema. Fazer com que você chegue ao final do filme e se sinta pronto para viver sua vida com alegria, fazendo o que você ama, com as pessoas que você ama.
E Cameron Crowe cumpriu mais uma vez este papel com louvor!
Passarinho, que som é esse?
Alívio Imediato - Engenheiros do Hawaii
Já digo de cara que este disco é o melhor disco ao vivo já gravado no Brasil!
Mas vamos com calma. Situando:
O disco saiu em 1989. Foi o primeiro disco ao vivo dos Engenheiros do Hawaii que já tinham na bagagem Longe Demais das Capitais (1986), A Revolta dos Dândis (1987) e Ouça O Que Eu Digo, Não Ouça Ninguém (1988). Com este Alívio Imediato começa a tradição da banda em lançar um disco ao vivo a cada três de estúdio.
Com base nos três álbuns anteriores, Alívio Imediato ainda apresentou duas músicas inéditas gravadas em estúdio (outra tradição da banda).
Certamente este disco marca o auge dos Engenheiros do Hawaii como banda. O que se ouve aqui é uma banda entrosadíssima, tocando a bola sem olhar e marcando gol atrás de gol.
As duas músicas inéditas, Nau À Deriva e Alívio Imediato reforçam a estética progessiva com um pé no pop que a banda iniciou em A Revolta dos Dândis e refinou em Ouça O que Eu Digo, Não Ouça Ninguém.
Ao vivo, músicas como Toda Forma de Poder, A Revolta dos Dândis II e Tribos e Tribunais ganham peso e velocidade, show de rock n' roll! Terra de Gigantes se confirma como grande balada com um arranjo lindo de guitarra. O final surpreendente blues dá um sabor especial a Revolta dos Dândis I e Somos Quem Podemos Ser ganha um definitivo "sonhos que podemos ter e teremos" em sua letra.
Augusto Licks se mostra à vontade para fazer alguns teclados e esbanja feeling e técnica na guitarra, Carlos Maltz conduz a banda com uma bateria precisa e cavalar e Humberto Gessinger se apresenta um front man de primeira! Carismático, ele tem o público na mão durante todo o show, além de se mostrar cada vez mais competente no contra-baixo.
É um disco delicioso de se ouvir. Empolgante, contemplativo e alto astral.
É um verdadeiro manual de conduta para bandas que priorizam a boa música e o entretenimento sem se vender.
Mega recomendado!
Este disco é para quem gosta de:
Ser do contra, camisa de time de futebol, discutir a relação, Pink Floyd com Roger Waters, chá de menta, andar a pé, trocadilhos infames.
Aperta o play, Macaco! - From Hank To Hendrix - Neil Young
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