segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

We Want The Airwaves

Nesses últimos dias andei viajando bastante...estive em São Paulo e Campinas. Para relaxar, nos vários e longos trajetos que fazia de carro, resolvi passear pelo dial do rádio e ver o que achava de interessante.


Já esperava me decepcionar, é óbvio. Mas o troço foi um pouco mais fundo e eu me pus a refletir sobre isso.



Hoje em dia qual é a função da rádio FM?


Entretenimento?


Vá lá, nisso até que ela se sai bem. Alguns locutores são descolados e engraçadinhos. Mas mata o lance de tu ter um bloco de quatro músicas e um bloco de quase dez minutos de propaganda.
Mas o mais importante: A música. Onde entra?


Talvez essa seja a última preocupação de quem faz a programação da rádio. Se é que ainda existe o tal disc joquey, este deve ficar de cabelo em pé atualmente, quando, na programação da madrugada ele precisa "escolher" que músicas colocar na programação, já que durante o dia ele não tem essa "preocupação" pois, possivelmente, a programação já vem prontinha das gravadoras junto com um envelope cheio de "jabá".



Eu, lendo a excelente biografia dos Beatles por Bob Spitz (presentão que ganhei da sempre querida Kris), fiquei imaginando cada um dos Beatles em seus quartos, adolescentes, sintonizando a rádio Luxemburgo, porque a BBC britânica não veiculava nenhum rock e nenhum roll no fim dos anos 50. Então, a gurizada afim de ouvir som novo, sintonizava uma rádio de Luxemburgo para ouvir as novidades!


Ouvir as novidades!


Imagine você, ligar o rádio para ouvir músicas que você ainda não conhece. Ligar o rádio em busca de sons novos...



Me lembro de ler sobre a lendária rádio Fluminense FM, chamada de "Maldita" que, nos anos 80, trazia o que havia de mais novo no rock mundial. Me lembro de ler que gente como Kid Vinil ouviu Pixies e coisas do gênero pela primeira vez na Flu FM!


E olha que naquela época não tinha internet nem nada. Tocava no rádio a fita que o amigo do dj gravou quando foi pros Estados Unidos...


E esta mesma rádio, hoje em dia, está igualzinha a todas as outras rádios...



Será que o mundo desencanou de ouvir música pela música? Será que está tudo tão vendido assim que ninguém mais se importa?



Tem uma rádio que pega em São Paulo e em Campinas que se chama Nova Brasil FM. A proposta da rádio, segundo a mesma, é tocar a moderna música brasileira.


Legal!


Eu fiquei esperando ouvir Lenine, Seu Jorge, Orquestra Imperial...até os mais mainstream...Maria Rita e etc.


Qual o meu espanto quando começam a se suceder músicas como Saigon do Emílio Santiago, Leãozinho do Caetano...peraí...não era pra tocar a nova mpb?



A mesma coisa com as rádios rock! 89FM, Kiss FM...ao invés dos caras tocarem sons novos...que seja Strokes e etc...ou os nu metal da vida...não.


Eu, incrédulo, perdi a conta de quantas vezes ouvi Rock n' Roll do Led Zeppelin nessas rádios!Como assim?


Claro que os clássicos são fundamentais...a molecada de 14, 15 anos que ouve a rádio precisa conhecer...mas daí a ficar o dia todo tocando clássicos é doer.



Do jeito que as coisas andam no mundo da música, os emos não estão tão errados de ficar chorando pelos cantos.






Passarinho, que som é esse?





The Chirping Crickets - Buddy Holly






Falando em rádio e influenciar pessoas, nada melhor que ir nas profundezas do rock para encontrarmos pérolas escondidas.



Buddy Holly é um dos artistas fundamentais do rock n' roll. Era quase um anti-herói em sua época, onde a imagem do rocker era o topete, jaqueta e jeitão de mal, Buddy ostentava seus clássicos óculos de aros grossos e um sorriso ingênuo.Além do mais, ao contrário de noventa por cento dos cantores e bandas da época, Buddy Holly era um dos poucos que compunha suas próprias canções.



Este disco é o grande marco da carreira de Buddy. Foi seu primeiro disco de sucesso ao lado de sua banda The Crickets.


Apesar de seus grandes clássicos como Peggy Sue, Words Of Love e Ready Teddy, constarem em seu segundo disco "Buddy Holly" de 1958, The Chirping Crickets, lançado em 1957 marca seu primeiro registro em vinil e influenciou gerações, além de contar com músicas que ganharam alguma notoriedade como Oh Boy, Send Me Some Lovin' e Rock Me My Baby.



Este disco é inovador principalmente pela criatividade de Buddy que, ao compor, fugia um pouco dos clichês do rock n' roll até então de se fazer simplesmente sol, dó e ré com sétima. Buddy Holly fazia arranjos simples, mas sempre com algumas linhas de fuga melódicas interessantes que seriam influência direta para Paul McCartney e John Lennon.



O próprio McCartney chegou a declarar que Buddy Holly sempre foi seu grande herói no rock. Paul disse que depois de saber que Buddy Holly compunha seu próprio material, se encorajou a compor também.



Agora imagine você, se Paul McCartney nunca tivesse sido encorajado a compor...o que seria do mundo da música?



Buddy Holly, infelizmente, em 1959 entrou num avião com Ritchie "La Bamba" Vallens e voou para a morte.



Mas hoje ainda é reconhecido como compositor revolucionário do rock n' roll.



Mais que recomendado, este disco é discoteca básica.



Disco para quem gosta de: Topetes com brilhantina, Coca Cola com baunilha, carregar o maço de cigarro dentro da camiseta, passear de carro, filmes antigos.



Dá o Play, Macaco! - O Fogo Não Acende na Cabeça do Macaco - Os Céticos.

3 comentários:

Anônimo disse...

FRASES CLÁSSICAS BY el escama: "e por um acaso tu acha q eu escuto rádio, minha filha?"

Unknown disse...

'Oh Boy', vc continua com a luta pelas causas perdidas ( adoro!rs). atualmente nas rádios fluminenses só tem os 'mc's' qualquer coisas. argh!
gostei do texto! =*

Anônimo disse...

Que saudade de você, ô coisa!