terça-feira, 1 de março de 2011

É recorrente no mundo das artes um certo desequilíbrio.
Da mesma maneira é recorrente, da filosofia ao papo de mesa de bar, as inúmeras tentativas, em geral frustradas, de definir o que é loucura.

Do mesmo jeito que eu, por exemplo, tenho meus inúmeros defeitos...melhor dizendo: barreiras. Me sinto totalmente à vontade quando trata-se de assuntos que eu amo incondicionalmente como música e cinema. Ou quando componho uma canção e escrevo aqui neste blog.
São coisas que me satisfazem. É uma postura minha que não combina em nada com a vida que eu levo fora deste mundo.
Já falei sobre isso demais aqui, não quero ser repetitivo.
Mas tudo que me decepciona em mim mesmo. Todas as barreriras que eu não consigo quebrar...é tudo acumulado num canto e...sabe como é, causa um monte de sentimentos ruins que eu acabo não dividindo com as pessoa s e tal.
Obviamente é algo que não deixa de me afetar racionalmente. Pode ser considerado loucura de certa forma...?

E é na música e no cimena que esses sentimentos são acalmados.
É como se alguém me pegasse pela mão, ou me abraçasse me mostrando um ponto de esperança, dizendo que vai ficar tudo bem.
Se no filme as coisas acabam bem, por quê não na vida real também?
Ou o mundo também não é feito de um pouco de ilusão?

Ontem eu assisti um filme que há muito não assistia.
Um filme que me causou grande impacto, porque o assisti quando adolescente, a fase de rebeldia, e uma fase onde passei maus bocados por conta de pais, bem intencionados, mas super protetores em muitos momentos, causando certa repressão (que combinada à rebeldia juvenil) não me ajudou muito a crescer de verdade.

Trata-se do filme Shine. Um filme aclamadíssimo pela crítica, mas nem tanto conhecido pelo público.

Ele conta a história real de um pianista australiano que desde criança apresentava um talento descomunal, mas que sofria muito com um pai opressor. Certamente o garoto já tinha uma pré-disposição a algum problema mental, mas isso o filme não deixa claro.
O fato é que o garoto cresce, vai para uma grande escola de música, mas acaba sucumbindo a pressão dos grandes concertos.
Volta ao seu país natal, é internado em uma clínica psiquiátrica e é afastado da música.
Até que o acaso (sempre o acaso) o faz voltar á música de forma comovente.

O filme não é tão brilhante tecnicamente.Tem alguns momentos realmente impressionantes na fotografia, mas no geral o filme é básico. O que prende o espectador é a montagem esperta mesclando flashbacks e o momento atual do músico e o roteiro muito bem escrito, dando profundidade aos personagens.

Shine, lançado em 1996, foi escrito e dirigido por Scott Hicks, um diretor pouco conhecido mas com obras interessante como Neve Sobre Os Cedros.
Mas quem dá todo o peso dramático do filme é a atuação espetacular de Geoffrey Rush (mais conhecido por filmes como Piratas do Caribe e Contos do Marquês de Sade) no papel principal, o pianista David Helfgott. Também impressiona a atuação de Noah Taylor interpretando Helfgott em sua adolescência.

Apesar de o filme ser velhinho, não foi dar spoilers da história para que você possa ir atrás e assistir esse belíssimo longa.

Com certeza, se você, assim como eu, se sente perturbado, desamparado e etc em alguns momentos da sua vida (quem não se sente assim de vez enquando?), esse filme lhe trará uma boa dose de esperança e tranquilidade.

Recomendadíssimo, ok?


Passarinho, que som é esse?


Foo Fighters - There's Nothing Left To Lose

Li em algum lugar que o disco Rotomusic de Liquidificapum é o disco do Pato Fu que os fãs do Mr Bungle mais gostam.
Seguindo essa linha de pensamento, posso dizer que There's Nothing Left To Lose, terceiro disco dos Foo Fighters, lançado em 1999, é o disco da banda de Dave Grohl que os fãs do Teenage Fanclub mais gostam.

Tá difícil de entender?
Eu explico.

Os Foo Fighters vinham de dois discos muito fortes. O primeiro, homônimo, bem cru e urgente e já mostrando as qualidades de Dave Grohl como compositor. Mas o disco ainda se mantinha na sombra do Nirvana.
Já com o segundo disco, The Colour and The Shape, a banda deixa de ser conhecida como "a banda do baterista do Nirvana" e se firma como Foo Fighters, uma das grandes promessas do rock n' roll contemporâneo. O disco é energético, pesado, mas com boas melodias bem dosadas.

E eis que aparece este There's Nothing To Lose. Um disco delicioso como poucos!
Neste disco Dave Grohl parece ter encontrado a medida certa entre melodias emocionantes e guitarras saturadas, soando muito mais como uma banda de power pop do que uma banda de rock n' roll grunge, hard, ou seja lá como tu goste de classificá-los.

O disco abre com punch trazendo a música Stacked Actors, canção que, dizem as más línguas, é uma crítica (pra ser bonzinho) às atitudes de Courtney Love tanto à época que ela vivia com Kurt Cobain, como com o espólio do Nirvana após a morte de Cobain.

De resto o disco é um amontoado de melodias incríveis e letras bem sacadas que vão de relacionamentos amorosos a entusiasmo, diversão...
As mais marcantes do disco são Breakout (que fez parte da trilha sonora do Filme Eu, Eu Mesmo e Irene), Learn To Fly, que foi hit instantâneo com um clipe genial e Generator, uma canção empolgante com um riff do caralho onde Dave Grohl usa um talk box.

Explicando melhor o lance que falei acima, o restante do disco é feito de canções que caberiam facilmente num disco do Teenage Fanclub ou do Big Star (ícones do power pop e bandas geniais que tu deveria conhecer, ok?) tamanha a capacidade do Dave Grohl de escrever harmonias simples e encantadoras sem perder a linguagem rocker.

Só pra citar algumas, temos Aurora com um ar mais viajandão e um refrão delicioso, Headwires e Ain't It the Life, talvez as duas com mais cara do Teenage da época de discos como Howdy! e a belíssima Next Year, que também teve um clipe maravilhoso e tem um dos melhores arranjos da história da banda.

Sendo eu um fã de melodias, considero este o melhor disco dos Foo Fighters, justamente por ter essa mistura tão equilibrada de postura rock e melodias açucaradas.

Disco obrigatório!

Este disco é para quem gosta de: Levar a namorada pra tomar sorvete, ir ao cinema, tocar com a banda sábado de tarde, Teenage Fanclub, ficar em cima do muro entre o mainstream e o underground, Nirvana.

Aperta o play, Macaco! - Guitar - Cake

3 comentários:

Unknown disse...

eu gosto de ff e das melodias açucaradas, do cake, do geoffrey rush e de vc! =)

Douglas Dubinskas disse...

Pouts véião, preciso ver se ja vi esse filme... huahuahauha. Quanto a citada banda, não sou lá muito fã, mas como gosto de uns arranjos em delay saindo da porradeira convencional, tem uma chanson que aprecio desse album... acho que é Aurora.
Abraços.

Carolina Ito disse...

Ainda não vi esse filme.. Vou anotar!