É muito legal tu entrar numa sala de cinema e se deparar com personagens heróicos com poderes incríveis, ou vilões extremamente ardilosos e totalmente sem escrúpulos. Há também monstros, alienígenas, zumbis...personagens que tu dificilmente vai encontrar andando pela rua.
É a magia do cinema. É fantasia.
Mas também faz parte do cinema nos apresentar personagens comuns. Gente que poderia ser comparada a mim ou a a você. Personagens com quem tu se identifica de imediato. Também faz parte do cinema nos emocionar fazendo com que nos olhemos no espelho.
E neste aspecto, o diretor Cameron Crowe é um mestre.
Quem não se identificou com Tom Cruise em Jerry Maguire, ou com o inseguro Willian Miller em Almost Famous...? Até mesmo os personagens do Singles, jovens adultos crescendo, buscando relacionamentos...Este Singles inclusive, um filme subestimado de Crowe.
Tocamos em três pontos cruciais no parágrafo acima para falar sobre o filme escolhido para hoje:
Cameron Crowe
Personagens "humanos demais"
Filme subestimado
O filme mais recente de Cameron Crowe é de 2005, foi recebido de forma morna por público e crítica. Mas apesar disso, é inegável que Elizabethtown (Tudo Acontece Em Elizabethtown, aqui no Brasil) é um filme brilhante, com personagens carismáticos, com profundidade e um roteiro emocionante.
O filme conta a história de Drew, que, após fracassar em seu grande projeto na empresa onde trabalha, recebe a notícia que seu pai está morto numa pequena cidade do Kentucky, Elizabethtown, e é convencido pela irmã e mãe a ir buscar o corpo para a cremação.
No avião, Drew conhece a encantadora aeromoça Claire que, por acaso, também é de Elizabethtown.
Acrescenta-se uma família com todos os tipos caricatos que toda família tem e que Drew não via há anos.
Pronto!
Temos uma história totalmente corriqueira, mas contada de forma inspirada.
Drew, o protagonista, é interpretado por Orlando Bloom (mais conhecido por Legolas, de Senhor dos Anéis e Will Turner de Piratas do Caribe). É um ator que, sinceramente, nunca me despertou grande admiração. Mas está impressionante neste filme. É o tipo de personagem que, pelo menos em uma cena, tu vai se identificar com ele. Ele dá uma humanidade, uma realidade, ao personagem, que chega a emocionar. Principalmente nos momentos em que ele está sozinho na estarada.
A aeromoça Claire é a eterna Mary Jane, de Homem Aranha, Kirsten Dunst. E ela está ainda mais apaixonante neste Elizabethtown. Uma garota sensível e sincera, mas que parece sempre esconder alguma coisa...algum sentimento que não quer que as pessoas percebam. A interpretação dela aqui está espetacular.
Mas todos os créditos vão para Cameron Crowe.
Sempre digo isso: Vamos valorizar diretores assim. Diretores autorais.
Crowe escreve e dirije este filme com uma riqueza de detalhes impressionante.
A começar pelo roteiro. Interessante, cheio de diálogos irresistíveis, voltas e reviravoltas, supresas, um humor delicado que permeia o filme todo, mas também uma carga dramática intensa.
Nunca vi ninguém falar sobre fracasso e busca por superação com tanta humanidade como Cameron Crowe consegue fazer.
Para completar, o longa conta com uma trilha sonora maravilhosa com Tom Petty, The Hollies, The Temptations, Elton John, Ryan Adams...
A fotografia do filme é cuidadosa, principalmente destacando a paisagem ao longo da viagem de Drew pelos Estados Unidos.
E, por fim, a montagem, esperta, sem exageros de cortes, ou flash backs forçados.
É um filme que todo mundo deveria ver.
Porque todo mundo já fracassou feio.
Todo mundo já pensou no pior.
Todo mundo é, pelo menos um pouco, inseguro.
Todo mundo luta pra se re-erguer.
Todo mundo chora.
Todo mundo se apaixona.
Todo mundo se aventura.
Todo mundo vive. E sofre as consequências boas e ruins de viver.
Tudo acontece em Elizabethtown.
Tudo acontece em Marília.
Tudo acontece, seja lá onde você viva.
Passarinho, que som é esse?
É muito raro aparecer no cenário musical quem consiga produzir tanto com qualidade, bom-gosto e sensibilidade.
Pois os escocesses da banda Belle & Sebastian são um desses raros casos. Com nove discos lançados até agora, os caras ainda não erraram a mão, apresentando sempre canções bem elaboradas, originais e inspiradas.
Mas Tigermilk tem um charme a mais. É o primeiro disco da banda. Foi lançado em 1996, uma tiragem de apenas 1000 cópias em vinil (que hoje em dia devem valer por volta de quatrocentos ou quinhentos euros cada) e depois relançado em CD pelo selo Jeepster.
É um disco encantador. Stuart Murdoch é um compositor brilhante. Com influências que vão de The Smiths a Nick Drake, passando por Donovan, Bob Dylan e Pavement, ele escreve canções introspectivas, com melodias intrigantes e envolventes.
Falando assim, muitos podem pensar que estamos falando de um disco de baladas melosas.
Ingênuo engano.
O disco traz canções, não agitadas e com guitarras distorcidas, como poderia esperar um rocker. Mas sim canções inspiradoras que te trazem um entuasiasmo, mas de forma tranquila, como quem diz: "Hey, vai ficar tudo bem. Relaxe.". Assim são canções como My Wandering Days Are Over, You're Just A Baby e Expectations, com um refrão emocionante.
Mas é claro que Murdoch também escreve baladas tocantes como a doce Mary Jo e a lindíssima We Rule The School, que discorre sobre um arranjo de piano e cordas de arrepiar.
Esse é discoteca básica.
Até pode baixar, mas vale a pena comprar e ter o original na estante.
Esse disco é para quem gosta de:
Filme europeu, roupa de brechó, fumar cigarro mentolado, Jeff Buckley, ler livros em praças públicas, discutir problemas sentimentais no bar, The Smiths, não ter perfil no facebook.
Aperta o play, Macaco! - The Fool On The Hill - The Beatles
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8 comentários:
Sempre falei que Tudo Acontece Em Elizabethtown é um filme muito legal, e sempre riram.
Paguem R$ 2,50 para assistir em uma matinê no Alto Cafezal. Estava sozinho na sala, mesmo assim exibiram só pra mim. Foi demais.
Sempre ouvi falar bem desse filme... mas nunca me despertou curiosidade!!!
Tô procurando ele agorinha pra ver!!!
(valeu a dica)
Passa direto na Fox e na TNT e apesar de toda essa carga emocional considero um dos mais dignos representantes da categoria "Sessão da Tarde", daqueles que você assiste e ao mesmo tempo que não sai questionando a realidade você escapa daquela sensação de tempo perdido.
Acho que preciso aprender a elogiar de forma direta.
a minha preferida do Tigermilk ainda é "I dont love anyone"
Só pra ser do contra e citar uma que eu não citei.
Ok.
Vai se foder, Zé.
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