quinta-feira, 27 de junho de 2013

A realidade do amor.

Após um bom tempo ausente, volto a este blog com muita alegria.
Atualmente parece que os tempos de mudanças e renovações se fazem cada vez mais presente.
Mas eu não venho hoje falar de manifestações políticas nem nada assim.
Venho falar da vida e do amor. O que acaba sendo mais simples e, ao mesmo tempo, mais complicado do que falar da situação socio-política do país.

Hoje vou falar de um filme que esperei muito para assistir.
Before Midnight (Antes da Meia Noite), lançado neste mês de junho e dirigido por Richard Linklater, que também escreveu o roteiro junto com os atores Ethan Hawke e Julie Delpy, protagonistas do longa.
Para quem ainda não se deu conta, trata-se da sequência dos filmes Before Sunrise (Antes do Amanhecer, de 1995) e Before Sunset (Antes do Pôr-do-sol, de 2004). Uma história que beira duas décadas de encontros e desencontros. Tudo começou em Viena, onde Jesse e Celine (Hawke e Delpy respectivamente) passam o dia juntos e se apaixonam. Dez anos depois acontece o reencontro do casal em Paris onde Jesse está divulgando seu livro escrito à partir das memórias  em Viena.

Os dois primeiros filmes seguem a mesma fórmula com diálogos deliciosos e uma fotografia delicada em incríveis planos sequência. Além de sempre deixar no ar seu desfecho.

Neste Before Midnight as coisas já são bem diferentes. Somos apresentados a novos personagens, veremos novos elementos e uma nova realidade.
Não são mais encontros propriamente ditos. Mas sim desencontros. Não desencontros físicos, mas desencontros de sentimentos, de diálogo...

Tecnicamente o filme esbanja beleza e cuidado. A história se passa na Grécia, o que ajuda muito a fotografia, com belas paisagens. A direção e a montagem são executados com muito cuidado e carinho e o roteiro, o ponto forte de toda a franquia, é soberbo! Diálogos certeiros, saborosos.
E as atuações de Ethan Hawke e Julie Delpy são um capítulo á parte. Raríssimo ver tamanha entrega e química entre ator e personagem.

Before Midnight dá um passo a frente em relação a seus antecessores por ser mais realista, apresentar uma maturidade consciente e entregar ao público mais respostas do que perguntas.

Apesar de todo esse realismo, é um filme que esbanja romance e, principalmente, esperança.
É um filme que te abraça e te mostra que o amor é feito de perseverança, confiança e obstáculos que só podem ser vencidos a dois.

Sem exageros sentimentalistas, sem lágrimas na sala do cinema (ao contrário dos dois anteriores).
Before Midnight vem responder do que é feito o verdadeiro amor.

Não perca a oportunidade de descobrir a resposta.
O faça, de preferência, na companhia do seu amor.


Passarinho, que som é esse?

Meddle - Pink Floyd

A banda Pink Floyd tem seu nome gravado na história da música pop por ser a banda de rock progressivo que mais conseguiu destaque fora do seu nicho através dos icônicos discos Dark Side Of The Moon (1973) e The Wall (1979).

Mas a verdade é que, desde muito antes, o Pink Floyd já construía uma carreira sólida e muito criativa, mesmo  a perda traumática de seu vocalista e, então principal compositor, Syd Barret em 1967, logo após o lançamento do primeiro (e excelente) disco da banda, The Piper at Gates of Dawn.

Sem Barret, a banda deixou um pouco de lado a psicodelia festiva de seu primeiro álbum e passou a apresentar músicas mais longas, um instrumental muito bem arranjado e belas melodias. Em Ummagumma (1969) e Atom Heart Mother (1970) trouxeram grandes suítes instrumentais ocupando lados inteiros dos discos e perdendo muito do seu apelo pop.

Meddle é o disco que marca o reencontro da banda com a canção, com a simplicidade e o frescor do pop. Foi o primeiro passo em direção a consagração que viria dois anos depois com Dark Side Of The Moon.

Aqui encontramos todo o ecletismo e criatividade do Pink Floyd em 6 excelentes músicas.
O lado A do disco abre com One Of These Days, uma música energética e pesada, com um vigoroso riff de guitarra de David Gilmour e o baixo pulsante de Roger Waters. Na sequência, A Pillow of Winds é uma belíssima balada com um arranjo de cordas brilhante, um violão suave e a guitarra etérea com slide e altos e baixos de volume. Fearless é outra canção arrebatadora! Um refrão doce e uma melodia envolvente que culmina com a gravação da torcida do Liverpool F. C. entoando seu hino You'll Never Walk Alone. É de arrepiar! Falando em Liverpool, em seguida encontramos a música San Tropez, uma deliciosa canção pop com cara de Beatles. Fechando o lado A está Seamus, um blues simples com a participação dele mesmo, Seamus, um cão que, teoricamente, uiva no mesmo tom da canção...não chega a ser uma música excelente, mas é bacana, vale como curiosidade.

O lado B do disco traz uma só música. A épica Echoes.
Uma obra de arte, de fato. Arranjo esplêndido, todos os músicos estão incríveis na execução. São vinte e tantos minutos que se passam sem o ouvinte notar. A beleza da melodia é reforçada com a dobra de vocal irretocável entre Gilmour e o tecladista Richard Wright.

É um disco excelente que merece ser ouvido por todos.

Ouso dizer:
Discoteca básica!

Este disco é para quem gosta de:
Passar horas estudando música, cabelos muito longos e bem cuidados, falar pausadamente, Yes, guitarras stratocaster, filmes do Gus Van Sant, King Crimson, café fraco.

Aperta o play, Macaco! - There's A Light That Never Goes Out - The Smiths

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

The Song Remains The Same


Todo mundo tem uma eterna fonte de inspiração, um porto seguro e uma válvula de escape.
Algo que te faz voar, sonhar, sorrir e perseverar.

Para mim, essa "coisa" certamente é a música. Em todos os seus aspectos. Em todo o seu esplendor.

Nesta fase, ao mesmo tempo, tão confusa, decisiva e empolgante que estou vivendo, a música se faz presente e me influencia.
O fato de eu ter voltado a tocar periodicamente com grandes amigos é uma verdadeira terapia. Onde eu esqueço meus problemas, minhas pretensões. Me conecto a um universo saboroso de energia e prazer que faz com que eu volte para o mundo real no dia seguinte revigorado e até um pouco mais confiante.
Não sei te explicar o porquê. Mas é assim que funciona.

Mas a música se faz presente e me influencia em muitos outros aspectos. Por isso, hoje, vou mudar um pouco o padrão deste blog.

Acabei recentemente de ler o livro Neil Young - A Autobiografia.
Neil Young, um dos músicos mais influentes do século XX, escreve este misterioso e envolvente livro como um solo de guitarra improvisado, como ele faz com maestria nos palcos do mundo.

Aqui somos apresentados a um Young sonhador, questionador e incansável. Com um tom confessional de conversa de boteco o músico canadense apresenta lembranças de sua carreira, seus amores, seus hobbies, suas desilusões, seus arrependimentos...sempre tendo a paixão pela música como combustível.

Não há uma cronologia. Cada capítulo fala de determinado tempo ou memória e também de seus projetos atuais. Assim, descobre-se um homem fiel às suas crenças, descobrindo aos poucos a velhice e se adaptando a um mundo cada vez mais volátil.

O livro me tocou muito porque Neil Young fala sobre não estar compondo mais, o quanto sente falta, mas aprendeu a não se preocupar com isso. O amor com que ele fala de sua esposa, seus filhos e amigos. E, principalmente, o fato de não deixar de acreditar nos seus sonhos.

A capa do livro fala muito de seu conteúdo. Um senhor pensativo, voltado para si, com um sonho hippie que não lhe sai da cabeça em momento algum.

É uma leitura obrigatória para quem ama a música. E recomendada a todos que sabem que a vida não é fácil, mas vale a pena ser vivida, passo a passo.

Sempre!

Mudando de mídia, há algumas semanas encontrei à venda o DVD de um dos filmes que fizeram com que eu me apaixonasse pelo cinema e me interessasse cada vez mais pela música que transcende a audição de um disco.

The Doors é um filme do consagrado diretor Oliver Stone lançado em 1991 contando a trajetória do poeta Jim Morrison e sua banda The Doors, ícones dos anos 60 e da contra-cultura nos Estados Unidos e no mundo.

É um filme impactante por vários motivos. A começar pela atuação impecável de Val Kilmer como o protagonista Jim Morrison. É daquelas atuações que beiram o espiritismo, tamanha a semelhança física e gestual de Kilmer e Morrison.
A direção de Oliver Stone também é digna de aplausos. A ambientação, ou melhor, a aura que permeia todo o filme transporta o espectador para a efervescente década de 60, as drogas, a música, a busca pela liberdade, os exageros...está tudo lá!
O roteiro é bem coeso e não deixa pontas soltas, com bons diálogos e abordando toda a história da banda e alguns flashbacks da infância controversa de Morrison.

Completam a obra uma fotografia cuidadosa, calcada na psicodelia e na nouvelle vague, e uma montagem dinâmica.

Este filme significa muito pra mim por marcar uma fase de descoberta. Quando eu comecei a ler sobre música e sobre autores que influenciaram a música indiretamente, ou seja, filósfos e romancistas.

Foi bom revê-lo após tantos anos e ainda sentir que ele mexe com a cabeça e com o coração.

Gosto de recomendar este filme para o pessoal do rock que é mais "descolado" e diz não gostar dos Doors, mas só ouviu Light My Fire e Roadhouse Blues.
Mas, falando sério, é um filme recomendado pra todo mundo! Uma história muito bacana e bem contada, com uma trilha sonora excelente.

Para concluir, acho muito reconfortante perceber que a música está em todos os lugares. Não é só um som, um amontoado de acordes e palavras. Ela está na literatura, no cinema, nas artes plásticas...

O grande cartunista Angeli disse uma vez que se sentia frustrado por querer tocar rock n' roll, mas não ter aptidão para tocar nenhum instrumento. Até que ele percebeu que podia fazer rock n' roll desenhando.
E sua obra está aí pra confirmar isso.

Não é à toa que a arte é sempre a primeira a ser censurada e marginalizada por pessoas conservadoras e autoritárias.

A arte é libertadora.
Perigosamente libertadora.

Passarinho, que som é esse?

Revolver - Walter Franco

Quando falamos em arte, transgressão e obras impactantes, acabamos por traçar o perfil de diversos discos. E certamente um deles é o Revolver, segundo disco do compositor paulista Walter Franco, lançado em 1975.

Walter Franco já havia causado alvoroço na MPB em 1973 com seu disco de estréia Ou não (conhecido como disco da mosca) onde apresenta uma música concretista e caótica, lembrado pela questionadora Me Deixe Mudo (regravada por Chico Buarque posteriormente) e Cabeça, que ele defendeu na última edição do Festival Internacional da Canção da TV Globo e saiu como o mais vaiado da noite.

Neste Revolver Franco dá um passo adiante e apresenta um disco impactante e sedutor por mesclar sua poesia concreta e música de vanguarda com muitos elementos do pop e rock. O resultado foi um disco com grandes melodias contrastando com canções curtas, quase intervenções sonoras e letras de arrepiar, ora pela simplicidade acolhedora, ora pela violência da palavra.

Walter Franco é um compositor sensível e extremamente talentoso. Faz de cada palavra um elemento da música, fazendo com que suas letras tenham o seu significado como poesia e também como música, como se fosse um instrumento musical.

Destaque para Cachorro Babucho, um dos exemplos de como usar a palavra a favor da música, Feito Gente é um hard rock desconstruído, Nothing é uma festiva canção que vai contra a sua letra e Mamãe D'Água é um mantra individualista delicioso!
A execução do disco é de tirar o chapéu! Os arranjos são cuidadosos e muito atraentes! Uma verdadeira enxurrada de referências emerge! Ouve-se durante todo o disco ecos de Tom Zé, Beatles, Pink Floyd, Tom Jobim...

Trata-se de um disco formidável que merece ser ouvido sem preconceitos. Apesar de não ser fácil de ser assimilado numa primeira audição, é um disco que te conquista aos poucos e, quando você se dá conta, já adora todas as faixas!

Deixei pro final para falar de uma música deste disco:
A faixa título encerra o álbum com maestria. Um emaranhado de palavras e expressões que vão fazendo todo o sentido e termina por fazer com que o ouvinte entenda porque o disco se chama Revolver. Não se trata da arma de fogo, mas sim de revolver, remexer, bagunçar seus pensamentos até que eles façam sentido.

Ou não!

Corre lá pra ouvir.

Este disco é para quem gosta de:
Falar como se estivesse sussurrando, roupas de brechó, livros empoeirados, Itamar Assunção, teorias da conspiração, ser contra qualquer coisa, Miles Davis, tomar conhaque, passear pelo campus da universidade, rock progressivo.

Aperta o play, Macaco! - Crown of Thorns - Mother Love Bone

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Faz sentido.


Faz sentido que o planeta Terra seja redondo e gire, complete ciclos, bem como toda a existência (não só a humanidade) passe por ciclos. O calor de dentro que fez placas de terra se deslocarem, o frio que congelou boa parte do planeta, extinguiu alguns seres. Depois veio o calor de novo, derreteu o gelo que deu origem a novos mares e novas terras e novas vidas.

A humanidade também se vê, volta e meia, passando pelos mesmos lugares, o ciclo de novo. O mundo girando. O que era moda nos anos cinquenta voltaram nos anos oitenta. Os anos oitenta voltaram a ser moda nos anos dois mil. E por aí vai.

Da mesma maneira percebemos que a nossa vida, esse mundinho particular, também gira e, vira e mexe, estamos passando pelo mesmo lugar de outrora. É como voltar a ser criança.

Já ouvimos muitas vezes que quando o ser humano chega a uma idade muito avançada, volta a ser criança. Em geral, referem-se à idosos que, infelizmente, precisam de cuidados especiais como ser alimentados e, até mesmo, precisam usar fraldas.

Mas eu percebo essa volta à infância de uma maneira bem mais corriqueira e agradável. No caso de pessoas de idade, um dos exemplos diz respeito aos horários. Assim como crianças, os idosos raramente aguentam ficar acordados até tarde da noite. É muito comum que uma pessoa de idade acabe pegando no sono no sofá mesmo, assistindo à novela das oito (ou das nove, das dez...não sei mais). Assim como crianças em festas que se prolongam noite adentro e acabam dormindo em qualquer cantinho onde possam deitar.

Faz sentido que as coincidências e circunstâncias façam com que a gente volte a ser criança sem perceber. Seja em momentos de extrema alegria, seja vendo algo belo demais que nos encante sem explicação.

Faz sentido. Faz parte do ciclo.

Neste fim de semana fui ao cinema assistir The Campaign, Os Candidatos aqui no Brasil. Uma comédia muito esperada por juntar dois grandes comediantes da atualidade: Will Farrell e Zach Galifianakis.


Um filme que aborda a campanha política de dois candidatos ao Congresso norte-americano. Cam Brady (Will Farrell) é um político inescrupuloso e já acostumado com a vida pública que passa por maus bocados. Marty Huggins (Zach Galifianakis) é um pacato cidadão que acaba se candidatando e concorrendo ao cargo que Brady já considerava ganho.

Seguem-se então situações estapafúrdias e engraçadíssimas mostrando um mundo podre e ganancioso de grandes empresários e a influência da política na economia de estados e países.

O longa se sai muito bem  em diversos aspectos.
A começar, obviamente, pela interpretação sempre divertidíssima de Farrell e Galifianakis. A química entre os dois funciona bem, cada um ao seu estilo único.

O roteiro escrito por dois iniciantes no cinema, Chris Henchy e Shawn Harwell, tem um ritmo ótimo! O filme tem quase duas horas e você não vê o tempo passar. Os diálogos são dinâmicos e com algumas ótimas piadas.

A direção é de Jay Roach, diretor já calejado na comédia, responsável pela franquia Entrando Numa Fria (onde já fez várias críticas a republicanos e democratas) e também diretor da franquia pastelão Austin Powers. Fica evidente que Roach dirige de forma aberta, sabendo que tem grandes atores em cena, os deixa à vontade para possíveis improvisos que certamente acrescentaram muito ao roteiro original.

A esta altura do campeonato, você já deve estar se perguntando o que as reflexões acima tem a ver com o filme em questão.

Faz sentido você perguntar isso.

É fato que o gênero comédia no cinema mudou bastante dos anos oitenta pra cá.
Quando eu era criança e amava filmes deste gênero, não tinha tanta escatologia como hoje, bem como não havia o nonsense tão presente, claro, todos elementos que vieram muito da televisão, de séries politicamente incorretas como Simpsons, Family Guy e Two and a Half Men que ganharam força em meados dos anos noventa pra cá.

O que aconteceu é que esse filme só fez sentido de verdade pra mim dois dias depois de eu ter saído da sala de cinema.

Assim como qualquer criança com um brinquedo novo, eu ignorei a minha fila de livros a serem lidos e comecei a ler Nas Entrelinhas do Horizonte, livro de Humberto Gessinger que ganhei do meu amor maior de presente de aniversário. Logo no começo, Gessinger divaga sobre deixar de ser criança (crescer, descobrir verdades) e voltar a ser criança (ver mágica e beleza nas coisas comuns).

Deu um click na minha cabeça!

Lendo, percebi então que estava tão relaxado e feliz por toda a circunstância do fim de semana (estar com quem eu mais amo, estar próximo do meu aniversário, receber o carinho dos amigos...) que adorei o filme, não por seu humor escatológico e nonsense, mas por seu final tipicamente "anos oitenta", um final Sessão da Tarde, sabe? Não vou entrar em detalhes para não estragar a surpresa, mas o final é delicioso. Faz com que você saia da sala de cinema sorrindo porque, além de ser engraçado, o filme te mostra que as coisas podem dar certo se tu acreditar nos teus princípios.

E aí, fez sentido?

Pra mim fez!

Volte a ser criança, perceba a mágica da arte, da música, da literatura e do cinema. Se permita sorrir e aproveitar os momentos legais e divertidos.

O mundo não para de girar e, às vezes, a curva é tão longa que parece uma reta e a gente nem sente a mudança.
Mas tudo muda.
Então, faz todo o sentido que você aproveite tudo agora!


Passarinho, que som é esse?


Use Your Illusion II - Guns n' Roses

E falando em voltar a ser criança, eis a banda que eu cresci ouvindo: Guns N' Roses.
Apesar de hoje em dia eu não aprovar muita coisa que a banda realizou, em especial sua postura frente à imprensa e fãs, é inegável sua qualidade musical em seus primeiros discos.

Lembro claramente da primeira vez que vi no Fantástico o clipe de Don't Cry com a cena incrível do carro rolando ribanceira abaixo e as poses de Slash e sua inseparável Les Paul (Ah, sim, o Fantástico costumava passar clipes recém-lançados antigamente).

Bom, vamos ao disco.
Use Your Illusion II, lançado em 1991, certamente é o disco mais emblemático da banda. Contém boa parte de seus grandes clássicos e apresenta os Guns N' Roses em seu auge como músicos, num entrosamento incrível, além de trazer uma faceta mais séria e introspectiva em algumas canções.

Possivelmente era pra ser um disco duplo, mas acabou sendo dois discos duplos em dois volumes. Enquanto Use Your Illusion I mostra a banda mais próxima de seu primeiro disco Appetite for Destruction, com um hard rock mais frenético e letras hedonistas sobre sexo e drogas, este Use Your Illusion II deu um grande passo à frente. Com elementos de country e blues, um piano cada vez mais presente e bem executado e letras mais diversificadas fizeram deste disco um verdadeiro clássico!

Os grandes destaques ficam com a belíssima Civil War, uma música de protesto envolvente, Yesterdays tem uma levada country deliciosa, a baladona Don't Cry, que já aparecera no Use Your Illusion I, volta com letra alterada e mesmo instrumental e continua linda, outra balada linda é So Fine com vocal do baixista Duff McKagan e também vale destacar a explosiva You Could Be Mine que caiu como uma luva na trilha sonora do Exterminador do Futuro II.

Mas as duas grandes canções deste disco são: Estranged e Get In The Ring.
Get In The Ring é um rock n' roll puro, fedendo a cigarro e cerveja. Uma música cheia de energia, transbordando diversão e revolta. Nunca uma música foi tão direta  com relação às críticas de publicações especializadas em música.
Estranged é minha favorita, não só deste disco, mas de toda a obra dos G'n'R. Uma composição belíssima! Arranjos de guitarras e piano de tirar o fôlego e uma letra introspectiva muito bacana.

Trata-se, enfim, de um disco de rock n' roll completo. Divertido, bem executado e que não perde o frescor mesmo depois de vinte anos de seu lançamento. Um dos grandes álbuns dos anos noventa.

Discoteca básica!

Este disco é para quem gosta de:
Cabelos ensebados, cerveja quente, Lucky Strike, bandana na cabeça, Aerosmith, ser revoltadinho da estrela, guitarras Les Paul, brigar sem motivo no bar, Nashville Pussy, atirar cadeiras em jornalistas, destruir quartos de hotel e Van Halen.


Aperta o play, Macaco! - Pretty Vacant - Sex Pistols

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Catarse


Quando eu era adolescente, às vésperas de prestar o vestibular, pensei muito em fazer cinema. Mas desisiti da ideia porque não me achava digno para tal. Por não conhecer de fato o tema. Não tinha assistido filmes clássicos como Casablanca e Cidadão Kane até então. Sentia que estava me deixando levar pelas influências na época. Já tinha lido umas três vezes On The Road do Kerouac e admirava muito Jim Morrison, que carregava muito da cultura beat de Kerouac em seu DNA  e havia cursado cinema antes de entrar para os Doors.

Acabei indo pro jornalismo, que abandonei dois anos depois. Mas o cinema continuou uma paixão. Acho que só agora o compreendo de verdade. Não sei se teria me dado bem no curso de cinema. Talvez meu inconformismo e imediatismo me fizessem abandoná-lo também.

Hoje eu sei que por mais que eu viva, ainda me faltam filmes clássicos para assistir e me encantar. Para o resto da vida assistirei filmes de trinta, quarenta anos atrás e vou me espantar com sua beleza, impacto e carga artística e emocional.

Há menos de quinze minutos desliguei a TV e corri para escrever, tamanho o impacto do filme que acabei de ver me causou. Um filme de 1967, ganhador de Oscar e tudo mais. Um filme que eu sempre soube da existência, mas nunca tinha parado pra assistir.

Estou falando do The Graduate, A Primeira Noite de Um Homem em português. Com um jovem Dustin Hoffman como protagonista e música de Simon and Garfunkel.


Um filme clássico! Espantoso pela sua carga dramática! Um filme sobre amor e juventude. Um filme questionador e eletrizante, não por ser cheio de cenas de ação, mas por ser tão denso que prende a atenção e te deixa grudado na tela a cada segundo!

Tecnicamente, não há muito o que dizer sobre o filme. É uma direção precisa de Mike Nichols que lhe rendeu o Oscar de melhor diretor, um roteiro apaixonante, atuações excepcionais de Dustin Hoffman, Anne Bancroft, Katerine Ross e todo o resto do elenco, uma montagem super bem feita, fotografia esperta...tudo no filme funciona!

O longa conta a história de um rapaz recém formado, perturbado com seu futuro e inexperiência, que se envolve com uma mulher mais velha, esposa do sócio de seu pai. E acaba se apaixonando pela filha do casal.

Tudo isso embalado por músicas que se tornaram standards da música pop como The Sound Of Silence e Mrs Robinson de Simon and Garfunkel.

Acabei de assistir o filme e fiquei impressionado. Fui arrebatado pelo amor urgente que o filme retrata. Me identifiquei com um jovem que não sabe o que fazer do seu futuro, mas sabe que precisa viver para descobrir! Reafirmei para mim mesmo o amor que sinto e a certeza de estar com a pessoa certa, a única que me completa e me faz feliz.

Acabei de assistir o filme com a alma lavada! Certo de que o cinema para sempre vai me encantar e me mostrar que eu estou no caminho certo.

Passarinho, que som é esse?

Coco - Colbie Caillat

Colbie Caillat é tida como o Jack Johnson de saias, fazendo um som agradável, com ótimas melodias e uma doce suavidade. Eu acho que ela vai um pouco além dessa simplória descrição. É o que podemos perceber neste Coco, primeiro disco da cantora, lançado em 2007.

O primeiro ponto a se destacar é que Colbie assina todas as faixas, ainda que em parceria com outros compositores. É o tipo de envolvimento com a obra que fica evidente na interpretação. Trazendo ao álbum uma verdade, um feeling nas canções que fica evidente.

A produção do disco é assinada por Mikal Blue, Ken Caillat, Colbie Caillat Jason Reeves. Detalhe: Ken Caillat, o pai da cantora, já produziu discos de bandas como Fleetwood Mac, que certamente ajudaram na (excelente) formação musical dela. A produção é super clean, deixando o disco orgânico e suave, permitindo que as melodias brilhem por conta própria.

Destaco aqui as belíssimas Midnight Bottle, Magic e Capri. As levadas deliciosas de The Little Things, Tailor Made e Tied Down parecem te abraçar e te trazer para uma tranquila praia ensolarada, sendo impossível não sorrir ao ouvir. O disco foi impulsionado pelos hits Bubbly e Realize, duas excelentes canções.

Enfim, é um disco ensolarado por natureza. E esse é o seu grande diferencial! Traz ao ouvinte uma calma e alegria difícil de se encontrar na música hoje em dia.

Então, vá atrás!
Aperte o play e se permita sorrir.

Este disco é para quem gosta de:
Comédias românticas, tardes de sábado, água de coco, Alanis Morissette, andar de mãos dadas, roda de amigos, andar na praia, John Mayer, dormir até tarde, cantar no chuveiro.


Aperta o play, Macaco! - Humano Demais - Engenheiros do Hawaii



terça-feira, 11 de setembro de 2012

Can you fell it?


Algumas das grandes questões da humanidade dizem respeito ao amor.
O que é o amor? Como mensurá-lo?
Poetas, músicos e escritores já divagaram muito sobre este assunto.

Na modesta opinião deste que vos escreve, quem chegou mais perto da resposta foi Vinícius de Moraes, que escreveu que "Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro — seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada — para viver um grande amor." E escreveu também que o amor deve ser infinito enquanto dure, posto que é chama.

Acho isso tudo muito bonito. Mas acredito que a verdadeira beleza do amor é seu espírito livre e incompreensível. Sedutor e devastador de corações.
O amor existe para que a gente o sinta e não para que o entenda.

Não importa que referência você busque para demonstrar, conquistar, construir, manter e solidificar o amor.

O importante é sentí-lo.

Imagine um casal apaixonado. Mãos dadas em passeios ao sol. Sorrisos, carícias. Toda uma aura de delicadeza e ternura.

Como você imaginou esse casal?
Possivelmente, você imaginou um casal jovem, por volta dos vinte anos, certo?

Pois o cinema nos trouxe uma nova experiência. Principalmente para quem tem menos de quarenta, cinquenta anos. Poder vibrar, sorrir, chorar, torcer e se emocionar com um casal beirando a terceira idade.

Ainda está em cartaz em alguns cinemas Hope Springs, Um Divã Para Dois aqui no Brasil. Um belíssimo filme que mescla romance, comédia e drama protagonizado por Tommy Lee Jones e Meryl Streep.



O plote do filme parece rotineiro e pouco convidativo. Um casal de meia idade que procura um psicólogo para conseguir recuperar o romantismo de outrora ao casamento.

Os temas abordados como sexualidade após os cinquenta anos e a rotina da vida de casado, principalmente após os filhos crescerem e deixarem a casa dos pais são conduzidos de forma delicada, sem exageros no humor ou no drama.

A química entre Meryl Streep e Tommy Lee Jones é fantástica. Acabam eclipsando todo o resto do elenco que inclui Steve Carrell como o terapeuta do casal.

É nos personagens que encontramos o grande trunfo do filme. A inquietude que Streep e Lee Jones passam é constante. Não há brigas nem traições. Só há um desconforto geral que é passado ao espectador de forma muito eficiente pelos atores.

A fotografia e montagem deixam isso mais claro em ótimos planos fechados, detalhes como a distância que um mantém do outro. A escolha de locações também foi muito cuidadosa e permitiu uma fotografia belíssima em boa parte do filme.

O roteiro todo focado nos personagens e sua psiqué também é de se aplaudir. A história pode até ser um pouco óbvia, você até imagina como tudo vai acabar. Mas o caminho até chegar a este final é saborosíssimo e recheado de pequenas surpresas, risos, emoções e tensões.

O diretor não podia ser melhor. David Frankel sabe como ninguém retratar histórias de amor que misturam rotina no relacionamento tendo dirigido Marley e Eu e alguns episódios da série de TV Sex and The City. Também tem o poder de dar asas a grandes atores como fez com a própria Meryl Streep no sensacional O Diabo Veste Prada.

Em resumo, é um filme que fala de amor como ele é.
No final não há grandes explicações. O filme revela que o amor está sempre aí. Basta você perceber e saber sentí-lo à sua maneira.

Filme mais que recomendado!
Vá assistir sem se preocupar em entender.

Apenas sinta!


Passarinho, que som é esse?


The Flaming Lips - Yoshimi Battles The Pink Robots

Eis uma das grandes bandas dos últimos tempos. Formada em 1983 já mudou muito de formação e lançou muito material de alta qualidade! Um  inusitado mix de psicodelia, noise, power pop, folk e pitadas de eletrtônica faz dos Lips uma banda impressionante. Algo como um Radiohead sorridente.

Depois de praticamente vinte anos de lançamentos que faziam a alegria do underground e, já aclamados pela crítica após o fenomenal The Soft Bulletin, Wayne Coyne, Steven Drozd e Michael Ivins, os três multi-instrumentistas, lançam em 2002 esta jóia rara da música pop chamada Yoshimi Battles The Pink Robots.

Um disco conceitual que conta a história de uma garotinha, Yoshimi, que luta contra terríveis robôs cor de rosa que querem destruir o planeta. Misturando video game, filosofia e muito amor no coração, o ouvinte é apresentado a um mundo mágico de riqueza sonora e belas harmonias.

O esmero com a produção, a cargo dos Lips e do produtor Dave Fridmann proporcionam ao ouvinte uma verdadeira viagem psicodélica com ambiências mil, detalhes, barulhinhos e efeitos. Mas o grande mérito fica com as composições belíssimas de Wayne Coyne.

A faixa título é de uma beleza ímpar, melodia açucarada e um arranjo bem executado. Do You Realize? é uma gema pop de primeira grandeza, uma balada forte com violão e belos vocais. Ego Tripping At The Gates of Hell tem uma batida agradável e uma linha de baixo hipnótica com belas harmonias vocais.
Isso só pra destacar algumas. Porque ainda temos a maluquice sonora que representa a luta entre Yoshimi e os robôs na música Yoshimi Battles The Pink Robots Part II e a viajandona All We Have Is Now.

Sem exagero, The Soft Bulletin, lançado em 1999, e este Yoshimi Battles The Pink Robots estão entre os discos mais criativos dos últimos vinte anos.

É discoteca básica!

Vai lá ouvir!


Este disco é para quem gosta de:
Jogos do Master System, vodka com energético, roupas coloridas, ser outsider, Teenage Fanclub, fazer check in no foursquare quando chega em casa, Portishead e sorvete de morango.

Aperta o play, Macaco! - Country Os Brancos - Língua de Trapo. 


quarta-feira, 25 de julho de 2012

Contando histórias


Todo mundo conhece um contador de histórias.
É aquele cara que está numa conversa com você e outras pessoas e, em determinado assunto, ele sempre tem uma história para contar, seja uma situação parecida com a que está sendo dita na conversa, ou sobre o lugar, ou sobre um tipo de pessoa...
O problema é que, na maioria dos casos, esse cara é um chato de galochas!

Pessoas apaixonadas pelo cinema como eu, acabam lidando com quem faz filmes (atores, diretores...) de maneira bizarra, como se fossem amigos ou parentes. Quando fazem algo ruim, queremos satisfação! Muitas vezes até xingamos, mas é com a maior das boas intenções. Quando eu critico a qualidade dos últimos trabalhos do Tim Burton, é porque sei que ele já fez tanta coisa boa, que tenho vontade de chamar ele pra conversar, saber o que está acontecebdo...

Enfim, uma maluquice!

Voltando ao contador de histórias.
Se considerarmos que atores e dretores de cinema são nossos amigos e que todo mundo conhece um contador de histórias, certamente o grande contador de histórias no cinema hoje é Woody Allen.

Desde sempre, o que Woody Allen fez de melhor foi contar ótimas histórias ao longo de sua extensa filmografia. E é impressionante como ele o faz de maneira simples, direta e extremamente agradável.
Ele não tem a densidade de um Coppola, o ritmo de um Scorsese, a poesia de um Paul Thomas Anderson...simplesmente porque não precisa de nada disso.

Foi com este espírito que me deliciei na sala de cinema assistindo To Rome With Love (Para Roma Com Amor) último longa de Woody Allen.

Depois de exaltar de todas as maneiras possíveis e imagináveis a cidade de Nova York, Allen tem filmado seus últimos filmes na Europa, mas sempre citando de alguma maneira esta cidade pela qual ele é apaixonado.
Após uma delicada homenagem à Cidade-Luz em Meia Noite Em Paris, o diretor se volta para Roma como pano de fundo para um roteiro saboroso que conta quatro histórias em paralelo.

Com um elenco de peso, o filme ganha ainda mais brilho. Roberto Benigni, Alec Baldwin, Penélope Cruz e Ellen Page, em especial estão formidáveis, completamente á vontade em seus papéis. Benigni sempre engraçadíssimo, Baldwin com muito charme, Cruz super sedutora e Page encantadoramente fútil.

Mas a grande alegria para mim foi voltar a ver Woody Allen atuando! Super carismático e engraçado com seu jeito simples, inconformado e , muitas vezes, sarcástico. Só por revê-lo na tela o filme já vale a pena.

Mas vai muito além.

Woody Allen mantém o seu padrão de filmagem. Uma direção solta que deixa o filme fluir, uma fotografia encantadora, sem exageros e uma trilha sonora deliciada.
O roteiro, sempre um capítulo à parte, é bem amarrado e com muito ritmo. Aborda temas diversos, sempre baseados em relacionamentos.

A obsolescência programada da fama é retratada de forma cômica, a insegurança e inconstância da juventude aparece de forma delicada, a fidelidade e responsabilidades de um casal se mostram de forma muito clara e real.

Mas o que o filme realmente me passou foi uma questão de amor verdadeiro a vida, o zelo pelo aquilo que te faz bem e que te faz feliz.
O personagem de Allen é um produtor musical á beira da aposentadoria. Um personagem que, amando sempre o que fez, não quer abandonar seu ofício.
É Allen interpretando a si mesmo. Um homem que vê os anos avançando, mas que não se curva. Continua trabalhando, fazendo aquilo que acredita certo e belo.

Na verdade este filme é um filme feito pelo Woody Allen para o Woddy Allen e para todo o público que sempre o acompanhou, se emocionou, sorriu, se encantou e se identificou com suas inúmeras histórias.

É um filme Para Você Com Amor.

Portanto, vá assistir de peito aberto e divirta-se!

Passarinho, que som é esse?

Jar Of Flies - Alice In Chains

Lançado em 1994, Jar Of Flies é um EP com sete músicas que mostra uma face menos evidente da banda Alice In Chains, famosa por músicas mais agressivas como Man In The Box e depressivas como Down In A Hole.

Aqui aparece uma doçura dificilmente identificada nos discos que antecederam este EP (Facelify e Dirt) e que se mostraria mais presente no álbum seguinte (Alice In Chains).

Jerry Cantrell e Layne Staley estão afinadíssimos. As composições de ambos são impecáveis. Os arranjos de vocal dos dois são de dar inveja.
Na guitarra Cantrell mostra uma desenvoltura técnica e liberdade criativa brilhantes.
O caldo é engrossado pelo competentíssimo baterista Sean Kinney e o experiente baixista Mike Inez, que estréia na banda com este EP, tendo saído da banda de apoio de Ozzy Osbourne.

As sete músicas que formam o disquinho misturam metal, folk e rock n' roll de maneira saborosa. Sendo poucas canções, fica no final o gostinho de quero mais.

O disco abre com Rotten Apple, típica música dos Alice In Chains, de melodia densa, triste. A letra fala sobre o abuso de drogas de maneira aberta. O arranjo vocal é soberbo e o trabalho de guitarra e violão é sensacional.
Na mesma pegada segue-se Nutshell, mais introspectiva, arranjo mais minimalista com um belo solo de guitarra no final.
I Stay Away é uma das grandes surpresas do disco. Uma música mais animada, com acordes abertos, um belo arranjo de cordas ao fundo e um refrão pesado, com uma guitarra hipnótica com wah-wah. A letra dá indícios de um fim de relacionamento. E a guitarra de Cantrell mais uma vez se sobressai num solo rasgado.
No Excuses é minha favorita do EP. Também é uma música que surpreende. Começa com uma bateria quebrada e convidativa. A letra fala sobre amizade e drogas (pra variar).
Whale & Wasp é uma faixa instrumental contemplativa com uma bela e harmoniosa dobra de guitarras.
Don't Follow é uma lindíssima balada folk com direito a gaita e tudo.  Escrita e cantada por Jerry Cantrell, é o momento mais doce do disco, falando sobre desapego, estrada e seguir em frente.
Swing on This encerra o disco de forma agradável. Com um pé no blues e no metal. Um arranjo muito bom com uma linha de baixo marcante.

Disco ideal para curtir uma tarde de tédio ou momentos de introspecção.
Recomendadíssimo para amantes do bom rock n' roll.

Este disco é para quem gosta de:

Cabelo ensebado, camisa de flanela, drogas sintéticas, Soundgarden, lendas urbanas, ser anti-social, Black Sabbath, cerveja quente.

Aperta 0 play, Macaco! - Killing Moon - Echo and The Bunnymen

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Coisa de homem.


Todos os homens concordam que nada supera a complexidade feminina. Diz não querendo dizer sim, diz que está tudo bem quando na verdade ela está triste ou com raiva...e a lista segue longa.

Mas se analisarmos bem, na visão feminina, os homens podem ser também muito confusos e contraditórios. Mas nós, homens, temos uma lógica própria e, talvez, vejamos o mundo de outra maneira.

Como sempre, nada melhor que o cinema para nos mostrar essas diferenças. Ainda me lembro com carinho do enorme impacto que me causou o filme Sex And The City, me fazendo entender um pouquinho melhor o universo feminino.

Semana passada me senti do outro lado tendo ido ao cinema assistir E aí, Comeu? novo filme estrelado por Bruno Mazzeo com roteiro de Marcelo Rubens Paiva.




















O filme aborda o universo masculino da ótica mais óbvia: a mesa do bar.
Ali conta-se a história de três homens, cada um numa diferente situação amorosa, com empregos e dilemas distintos. E tudo se resolve entre um chopp e outro com intervenções do, sempre sábio, garçom.

Apesar de encharcado em clichês, o filme funciona bem. É divertido, com um ritmo permeado por altos e baixos, mas que não chega a cansar, uma fotografia, vez por outra, inspirada e boas atuações de Marcos Palmeira, Bruno Mazzeo, Juliana Schalch e Seu Jorge (que interpreta ele mesmo numa versão garçom).

O roteiro é o ponto forte. O texto de Marcelo Rubens Paiva é intenso e dá profundidade aos personagens (coisa rara nas comédias nacionais). Os diálogos são muito bons e as histórias de cada personagem são contadas de maneira divertida.

O diretor Felipe Joffily se sai bem mantendo o filme com o frescor que a comédia pede, mas deixa no ar alguns pontos para o espectador pensar a respeito quando sai da sala de cinema.

Pessoalmente, eu saí questionando muito essa visão do homem, essa coisa da mesa de bar, falando de mulher...Acho engraçado isso porque é uma realidade que eu não vejo muito. Nem sempre eu me sento com os amigos no bar para falar de mulher, o que se passa no meu relacionamento e etc. Talvez isso seja coisa minha e dos meus amigos, que preferimos falar de cinema, música e fazer piada de nossas próprias vidas ao invés de falar sobre o quê cada um faz embaixo do lençol com a namorada.

Talvez ainda isso seja uma parada mais regional. O filme tem muito do carioca, o que, às vezes, me incomoda um pouco porque dificulta minha identificação com os personagens.

Mas acho que vale muito a pena assistir a este filme. Pelo entretenimento e pela análise deste ser tão esquisito que é o homem, que valoriza a amizade, que precisa do amor de uma mulher, que se diverte com besteiras, que se questiona, se põe a prova...e que se esforça tanto para entender e fazer a mulher que ama feliz.

A conclusão do filme eu achei genial (apesar do mega clichê). Prestem atenção na fala final do personagem do Marcos Palmeira.

E aí, Comeu? pode muito bem ser encarado como o Sex And The City versão masculina.
Assim como o filme da série americana, este longa nacional não chega perto de solucionar grandes mistérios. Mas tem seu valor por jogar luz num assunto tão pouco analisado de forma leve e divertida.


Recomendado!


Passarinho, que som é esse?


Eu Quero É Botar Meu Bloco Na Rua - Sérgio Sampaio

Sérgio Sampaio é desses nomes emblemáticos da MPB que é desconhecido, porém venerado, com uma carreira permeada de histórias interessantíssimas e músicas geniais.

Após participar da maluquice sonora de Raul Seixas, a Sociedade da Grã-Ordem Kavernista, o desconhecido Sérgio Sampaio lança em 1973 seu primeiro disco, Eu Quero É Botar Meu Bloco Na Rua, com produção asinada por Raul Seixas. O disco foi fracasso de vendas apesar de a faixa-título ter tido certa notoriedade. Mas a crítica foi só elogios e a história fez deste disco referência para gerações seguintes.

Sampaio era um compositor de mão cheia. Ia do pop/brega que reinava nos anos 70 no Brasil até o samba e rock/folk. Exímio violonista, também era um letrista genial e muito sensível.

Os arranjos do disco surpreendem pela simplicidade e criatividade. Linhas de baixo envolventes, violões e ocasionais guitarras na medida, eventuais naipes de metal e cordas dão um upgrade em algumas canções, tudo numa sonoridade mais crua, deixando transparecer a intensidade e urgência das canções.

Destaque para a deliciosa Filme de Terror, Cala Boca, Zebedeu, Odete e Leros e Boleros.
Mas todo o disco é incrível. Pobre Meu Pai e Eu Sou Aquele Que Disse são emocionantes, Labirintos Negros é perturbadora, Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua é épica!

Bah! Que baita disco!
Corre e vai ouvir agora!

Este disco é para quem gosta de:
Ser do contra, ouvir vinil, roupas velhas e confortáveis, Belchior, ler Kafka no ônibus, Raul Seixas, humor negro, cerveja ao entardecer.


Aperta o play, Macaco! - O Exibicionista - Os Squematozoid