E eu estar aqui escrevendo agora é uma dessas reações.
Acabo de assistir o DVD Immagine In Cornice, que mostra a passagem da banda americana Pearl Jam pela Itália para cinco shows feitos nas cidades de Bolonha, Verona, Milão, Torino e Pistoia em 2006.
Mesclando cenas de bastidores, a banda passeando pelas cidades, passagem de som e etc, com um apanhado do que melhor rolou nos cinco shows, este DVD impressiona.
Impressiona ver uma banda de quase vinte anos ainda soar tão pesada e contundente. Os fãs devotos. O esforço do vocalista para aprender algumas frases em italiano para se comunicar da melhor forma com seu público. A fotografa cuidadosa e de bom gosto...
Ok. Todo mundo sabe que eu sou fã do Pearl Jam.
Mas é inegável a qualidade deste DVD e, por consequência, da banda.
O que mais me emociona vendo o Pearl Jam tocar é o contato com o seu público.
Com a maioria dos integrantes da banda já beirando os quarenta anos de idade, dá gosto ver a entrega de cada um no palco. Sem medo de fazer barulho, McReady e Gossard continuam vigorosos nas guitarras, Matt Cameron não deixa dúvida que é "O" baterista do Pearl Jam (impossível sentir saudade de algum de seus antecessores), Jeff Ament ainda pula feito moleque e Eddie Vedder não economiza o berreiro quando necessário e está cada vez melhor.
Uma vez li em algum lugar que o Pearl Jam passa uma imagem de banda dinossáurica, dessas que tocam há mais de trinta anos, não fazem tantos shows como no início, mas tocam com competência e se divertem com isso.
Acho muito legal essa comparação. Porque quando assisto um DVD como esse, sinto isso mesmo. Caras que gostam de tocar, viajar...já ganharam a grana que tinham que ganhar e agora tocam sem grandes pretensões senão se divertir, entreter e sempre cuidar de seu público, mostrando que são realmente gratos a ele.
Eu não conheço nenhum artista que faz o esforço que Eddie Vedder faz para se comunicar com seu público.
Quando o vi em 2005 falando frases e mais frases em português naquela mágica noite de dezembro no Pacaembu, fiquei realmente honrado em ver que o cara aprendeu a falar a minha língua...
Neste DVD podemos ver Eddie Vedder com uma intérprete treinando suas frases dizendo em inglês o que quer dizer ao público e ela ensina a frase em italiano para ele...ele anota e fica treinando a pronúncia.
É muito bacana mesmo!
E pensar que a maioria se limita a aprender o "obrigado".
Mas sem dúvida, o principal aqui é a música.
E vendo o Pearl Jam tocando com toda aquela paixão, eu sinto vontade de ligar para meus amigos de banda e chamá-los para tocar. Sinto vontade de compor canções tão fortes e poder tocá-las para um público tão apaixonado.
E principalmente me sinto inspirado. Fico orgulhoso de tocar numa banda de rock n' roll, de fazer isso com a mesma paixão que eles.
Me sinto forte o suficiente para não abandonar jamais essa que a coisa que mais amo no mundo.
Portanto, fica a dica.
DVD Immagine In Cornice (Pearl Jam live In Italy)
Não só para fãs da banda, mas para amantes de música de verdade.
Passarinho, que som é esse?
Into The Wild - Eddie Vedder
Aproveitando o assunto do post de hoje, venho falar-lhes também deste disco belíssimo do vocalista do Pearl Jam em projeto solo.
Into The Wild é um filme escrito e dirigido pelo Sean Penn. Eddie Vedder foi convidado a escrever a trilha sonora do filme e, pelo que consta, teve carta branca de Penn para fazer o que quisesse.
O resultado foi um disco sublime independente do filme.
Para quem não conhece bem o Pearl Jam, vai estranhar muito, pois as canções são todas essencialmente folk. Músicas serenas e introspectivas.
Quem já conhece bem o PJ sabe que o folk é parte do DNA da banda, haja visto que eles já substituíram a banda Crazy Horse em uma turnê, acompanhando o monstro-sagrado Neil Young, tido como "pai da matéria" em se tratando de folk.
Voltando ao disco.
Eddie Vedder caprichou nos timbres de violão e nos arranjos.
No Ceiling e Rise são belíssimas, contando com banjo e tudo.
Ecos do Pearl Jam e das referências rockers de Vedder como The Who e o próprio Neil Young aparecem nas ótimas Setting Forth e Far Behind.
Mas o grande destaque fica por conta das canções mais introspectivas, em tom de desabafo.
Society (minha favorita do disco) é de doer de tão bonita. Apenas na voz e violão, Eddie Vedder deixa transparecer uma certa angústia...
End Of The Road é puro Neil Young. Uma balada doce com guitarra dedilhada e bateria suave. Perfeita!
Guaranteed é linda, contando apenas com um violão dedilhado e uma melodia acolhedora.
Nas letras, Eddie Vedder continua questionador e apaixonado. Neste disco as letras parecem ainda mais pessoais do que nas músicas que escreve ao lado de sua banda. Confessional mesmo.
Sendo este o primeiro trabalho que Eddie Vedder faz sozinho, o saldo é extremamente positivo.
Into The Wild mostra que Eddie Vedder é um compositor maduro e talentoso e um músico competente e de muito bom gosto.
Enfim.
Vai correndo assistir o filme e ouvir o disco.
Este disco é para quem gosta de:
Fumar maconha na estrada, roda de violão, Neil Young, ser do contra, barba por fazer e cabelo ensebado, Elliot Smith, filmes cult.
Aperta o play, Macaco!- Sua Fama Faz Minha Inveja - Rafael Castro & Os Monumentais